Os constantes ataques e depredações aos monumentos do município têm sido uma das preocupações da Prefeitura Municipal, que está estudando as possibilidades de preservação dessas obras que contam a história de Rio Grande.
Diante do alto custo de manutenção desses monumentos (em sua maioria feitos de bronze, o que atrai o interesse do furto sobre eles), alguns já foram retirados de seu local de origem. Mas a Secretaria de Cultura, juntamente com o Gabinete do Prefeito entendem que esses monumentos precisam estar acessíveis à visitação da população e dos turistas que nos visitam.
No caso do monumento ao Imperial Marinheiro Marcílio Dias, o Comando do 5º Distrito Naval se ofereceu para acolhê-lo, por se tratar de herói da Batalha Naval do Riachuelo, um marco na história da Marinha do Brasil. Por meio dessa iniciativa, a Marinha e a Prefeitura visam a preservar a história da Cidade e o próprio monumento, para que ele se mantenha em boa conservação, afastado do acesso dos vândalos e evitando mais depredações.
Está programado para a próxima terça-feira, 8, o translado do monumento do Imperial Marinheiro Marcílio Dias, localizado na Praça da Bandeiras (Silva Paes esquina Alm. Barroso), para o Panteão do Almirante Tamandaré no Comando do 5º Distrito Naval, em Rio Grande (Av. Almirante Cerqueira e Souza, nº 70, Rio Grande-RS).
A medida foi determinada pelo prefeito Fábio de Oliveira Branco, em comum acordo com o secretário da Cultura, Esporte e Lazer, Luis Henrique Drevnovicz, atendendo a uma solicitação do Comando do 5º Distrito Naval.
O monumento ficará junto ao Panteão do Almirante Tamandaré, no Comando do 5º Distrito Naval, numa área rodeada por centenárias figueiras, onde encontram-se os restos mortais de sua mãe, Pulcena Dias, e de honrados heróis navais rio-grandinos: Almirante Joaquim Francisco de Abreu e o Comandante Felinto Perry, bem como, o túmulo do Almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré e Patrono da Marinha do Brasil, e o de sua esposa Maria Eufrásia Lisboa; a Sala de Memória do Almirante Tamandaré e o Monumento em homenagem aos heróis navais.
Este resgate do monumento que, originalmente foi colocado junto aos restos mortais de sua mãe e agora reúnem-se novamente permitirão que o público visite essa história do Rio Grande e da Marinha do Brasil em um espaço apropriado, seguro e adequado para a visitação.
Conforme o secretário da Cultura a praça não ficará descaracterizada pois já está sendo estudado, com a colaboração da Marinha, a colocação de um Pavilhão de Bandeiras, uma vez que o nome original da Praça é Praça das Bandeiras e não, Marcílio Dias, como é popularmente conhecida.
Sobre o Monumento:
Obra do escultor Humberto Carpinelli, natural da cidade de São Paulo/SP. Renomado artista que deixou um legado de obras por várias cidades do Brasil. Na cidade do Rio Grande, o Monumento ao Brigadeiro José da Silva Paes, obra inaugurada em 1939 e o Monumento a Marcílio Dias, obra inaugurada em 1940.
Pulcena Dias
Filha de Manoel Ventura e Joana Dias, negros oriundos da Costa da África, Polocena Maria Dias, que com o passar dos anos ficou conhecida como Pulcena Dias, entrou para a história como a mãe do Imperial Marinheiro Marcílio Dias. Antes de 1830, casou-se com Joaquim Francisco. Dessa união, nasceram suas três filhas: Cesaria, Joaquina e Luiza. Após ficar viúva, continuou a trabalhar como lavadeira, frequentando casas de famílias tradicionais da cidade do Rio Grande.
Em 1838, nascia Marcílio Dias, o filho caçula de Pulcena Dias e Manuel Fagundes, marítimo, de naturalidade portuguesa. Conta a história que, em 1855, a lavadeira foi presa injustamente e, preocupada com o mau comportamento do filho durante seu período no cárcere, decidiu pedir ao compadre que entregasse Marcílio Dias aos “menores”, como era conhecida a escola de Grumetes situada no Rio de Janeiro. Aos 17 anos, em julho de 1855, Marcílio Dias ingressou na Armada Imperial como Grumete (Recruta), sendo Praça no Corpo de Imperiais Marinheiros em 5 de agosto do mesmo ano. Em 27 de junho de 1856, a então encarcerada Pulcena Dias foi libertada, sendo absolvida da injusta acusação que lhe foi acometida.
Faleceu, vítima de enfermidade cerebral, em 23 de maio de 1865, aos 68 anos de idade, vinte dias antes da Batalha Naval do Riachuelo, que imortalizaria seu filho. Foi sepultada no cemitério da localidade do Povo Novo, onde nascera e vivera. O Imperial Marinheiro Marcílio Dias sagrou-se herói naval, em 11 de junho de 1865, ocasião que travou uma luta corpo a corpo com quatro inimigos, abatendo dois deles. Na luta, teve seu braço decepado na defesa da Bandeira do Brasil. Os ferimentos sofridos causaram-lhe a morte, com apenas 27 anos de idade, em 12 de junho. Foi sepultado, em 13 de junho de 1865, com as honras de cerimonial marítimo nas próprias águas do Rio Paraná.
Foto: Richard Furtado e arquivo Fototeca
Assessoria de Comunicação Social - Prefeitura Municipal do Rio Grande