Em seus 285 anos de existência, Rio Grande já foi cenário de muitas histórias. Também conhecida como Noiva do Mar, a cidade carrega marcas características de quem é a mais antiga do estado. São memórias que revelam a riqueza cultural herdada das primeiras gerações de gaúchos. Conhecer um pouco mais sobre a construção da região não exige muito esforço. Cidade de muitos museus, Rio Grande oferece oportunidades para visitar seu passado a partir de diferentes perspectivas. Cada um dos 14 espaços possui acervos variados, que vão desde objetos e documentos históricos até embarcações.
Entre todos estes espaços, há quatro que guardam parte significativa da história oficial e afetiva da cidade que são: o Museu Fototeca, o Arquivo Histórico, o Museu da Cidade e o Museu Náutico.
MUSEU FOTOTECA
Localizado na Prefeitura, a Fototeca Ricardo Giovannini é um ambiente amplo, as paredes totalmente brancas dão ainda mais destaque às fotografias em exibição. Até abril uma exposição “Canhoneira”, apresenta registros fotográficos da passagem do navio de guerra pela cidade no final do século XIX.
A amostra traz registros de festas na Ilha dos Marinheiros, reuniões entre militares e da chamada “Batalha das Flores”, evento no qual as famílias abastadas se reuniam em carreata, desfilando com seus veículos decorados com rosas em uma atividade semelhante ao carnaval. Temporariamente fechada para visitação, por causa da pandemia, a Fototeca manterá a exposição “Canhoneira” até reabrir as portas.
Com um acervo de 15 mil fotos a Fototeca serve de suporte a muitos pesquisadores. Todo o material recebido é cuidadosamente analisado e armazenado pela historiadora Gianne Zanella e o museólogo Augusto Garcia, responsáveis também por guiar visitantes. Entre os tipos de imagens armazenadas estão raros daguerreótipos e negativos de vidro do século XIX. A imagem revelada (em papel albumina) mais antiga do acervo retrata a jovem bageense Celina Campello Rodrigues e foi feita em abril de 1889.
ARQUIVO MUNICIPAL
Embora não seja um museu, o Arquivo Municipal é o lugar indicado para quem busca documentos antigos de caráter institucional. Também está instalado na Prefeitura em salas anexas a Fototeca. Seus corredores repletos de prateleiras abarrotadas de documentos abrigam plantas de praças, livros ata, registros de terrenos, cartas e outros documentos que contam a história da cidade.
Conforme a arquivista Juciele Bastos, um dos documentos mais procurados pela comunidade são os termos de declaração de nacionalidade. Tratam-se de livros do século XIX, onde estão registrados os pedidos de naturalização de estrangeiros que chegavam ao Brasil pelo porto da cidade. O primeiro registro de pedido de naturalização foi feito em 18 de dezembro de 1865, pela viúva Maria José Coelho de Abreu. Infelizmente o tempo acabou por desgastar o documento e tornar impossível identificar a origem de Maria.
“Muitas pessoas buscam por estes registros para saber sobre a história dos seus antepassados e utilizar o documento em pedidos de dupla nacionalidade”, explica Juciele.
Outro arquivo interessante são os cadernos de registro de entrada e saída de presos da cadeia municipal no século XIX. Os dados apresentam nome, características físicas e a tipificação do crime. Entre as acusações mais peculiares estão as relacionadas a embriaguez, vagabundagem e perseguição ao “seu senhor”, esta última referindo-se a pessoas escravizadas.
No Arquivo Municipal também é possível encontrar as cartas de Francisco Saturnino de Brito, pioneiro da engenharia sanitária e ambiental no Brasil e responsável pelo plano de saneamento de Rio Grande, que incluiu a construção do canalete da avenida Major Carlos Pinto.
MUSEU DA CIDADE DO RIO GRANDE
Quem entra no Museu da Cidade do Rio Grande logo se depara com um espaço silencioso e encantador. O tour começa por uma exposição de modelos de acessórios femininos que fizeram sucesso desde o século XX. Logo em seguida o visitante se depara com uma ampla parede na qual um painel organiza a história da cidade em uma linha do tempo iniciada em 1534 até 2015.
Transitar pelos corredores traz a sensação de um caminho de volta ao passado. Segundo o guia Alexandre Machado, um dos itens que mais chamam atenção é uma carruagem de bombeiro do século XX, fabricada na Inglaterra, cujo jato d’água conseguia atingir até 49 metros.
Outro objeto peculiar, é uma cama fabricada na metade do século XX que faz parte da composição de um quarto montado com móveis feitos em madeira. A grande curiosidade gira em torno das pequenas dimensões móvel fabricado em uma época na qual vigorava a superstição de que dormir com as pernas esticadas atraia a morte e, por isso, as camas eram fabricadas em tamanho menor, fazendo com que as pessoas dormissem encolhidas.
Além do quarto, há também a reprodução de uma sala de jantar cujo relógio é descrito como “do tamanho de um homem”. As cristaleiras de madeira, cujos detalhes foram esculpidos a mão, estão repletas de louças de porcelana que se destacam pela beleza dos desenhos.
Itens utilizados em estabelecimentos comerciais também fazem parte do acervo como relógios, balanças, máquinas e telefones. Equipamentos, objetos e imagens de grandes empresas como a fábrica Rheingantz também são encontrados por ali.
Fundado em 1984, o Museu da Cidade funciona no prédio da Alfândega e possui aproximadamente 15 mil peças catalogadas. O local está aberto à visitação de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. A entrada custa de R$ 2,00.
MUSEU NÁUTICO
Sediado no portão 4 do Porto Velho, na Rua Richuelo, o Museu Náutico conta parte a história da cidade sob a perspectiva marítima. Quem visita o espaço encontra diferentes tipos de embarcações, ferramentas e objetos utilizados na manutenção dos barcos e para a vida dos tripulantes. Entre canoas, veleiros, balsa, caícos e remos, a história se revela. O Museu oferece ao público informações valiosas sobre os fundamentos da navegação, a construção de estaleiros, evolução das embarcações e a formação da cidade. O Museu funciona de terça a sexta-feira (exceto feriados), das 13h às 17h, com entrada gratuita.
Assessoria de Comunicação Social – Prefeitura Municipal do Rio Grande