Doris é a terceira melhor robô doméstica do mundo
21/07/2022 08:14 em Variadas

A Equipe de Robótica da Furg – FBOT, conquistou um grande resultado na RoboCup 2022, a Copa do Mundo de Robótica, disputada na Tailândia ao terminar a competição em terceiro lugar, na categoria @Home. A façanha de Doris (do inglês, Domestic Robotic Intelligent System, ou Sistema Inteligente Robótico Doméstico) é inédita para o Rio Grande do Sul, já que, até então, apenas equipes de São Paulo haviam participado do mundial da categoria.

“Acho que representa todo o esforço que a gente teve. Tem equipes que estão há muito mais tempo competindo nessa categoria e o nosso projeto é relativamente recente, de 2018. Ser a primeira equipe do RS a participar foi motivador. Foi surpreendente para todos nós a atmosfera de torcida que foi criada e o resultado que a gente conseguiu”, conta um dos membros da equipe, Jardel Dyonisio.

O foco no trabalho desenvolvido era tanto que eles sequer comemoram os feitos alcançados, como a vaga para a segunda fase, entre as seis melhores. “Nem sei dizer se tivemos algum tipo de reação a não ser tentar trabalhar mais pra tentar manter ou melhorar o resultado. Ao fazer as provas, a gente foi vendo que tinha chance de conseguir uma boa colocação”, diz.

Mesmo sem completar a tarefa da fase seguinte, a equipe garantiu o 3º lugar devido a uma apresentação muito boa na primeira fase, um resultado histórico para o Rio Grande do Sul, para a Furg e para a cidade de Rio Grande. “Para falar a verdade, acho que até agora a gente não tem muito a dimensão do que conquistou. A ficha vai caindo aos poucos que nós somos uma das três melhores equipes do mundo”, afirma.

Os quatro representantes da Furg devem chegar em Rio Grande na quinta-feira (21). Depois do descanso merecido, o foco deverá ser qualificar a Doris, buscar o título brasileiro e uma vaga para o mundial do ano que vem, que será disputado na França.

Quem são eles

O grupo que representou a equipe de robótica FBOT, na Tailândia, é formado pelos rio-grandinos Igor Pardo Maurell – mestrando em Engenharia da Computação; Jardel dos Santos Dyonisio e João Francisco de Souza Santos Lemos, alunos da Engenharia de Automação. A comitiva ainda contou com Pedro Lima Corçaque, natural de São Gabriel, também aluno da Engenharia de Automação da Furg.

Doris foi projetada e desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), trabalho que conta com a participação de cerca de 50 pessoas, considerando as duas instituições.

No cenário nacional, a FBOT vem conseguindo resultados expressivos desde o início do programa em 2018. Foram três anos consecutivos na 3ª posição do Campeonato Brasileiro e, na última edição, em 2021, a equipe foi vice-campeã.

Robô doméstico e as provas

Na categoria @Home, a robô Doris precisou utilizar seus sensores e câmeras para a execução de tarefas domésticas, como reconhecer os itens, se deslocar sem problemas e capturar as peças usando o seu braço robótico, tudo isso de forma autônoma.

A primeira tarefa é a fase de inspeção, onde é necessário demonstrar aos juízes que o robô é seguro para pessoas e ambiente doméstico. “Basicamente ele tem que ter a capacidade de desviar de objetos e pessoas quando está navegando. Não pode ter fios expostos ou algo que possa ferir a integridade humana, e precisa de um sistema que, em caso de emergência, possa ser acionado para desativar o robô completamente”, comenta Dyonisio.

Durante a prova no Mundial, a Doris esteve no ambiente de quatro peças, que simulava uma casa, e precisava identificar onde estava o recipiente de lixo, retirá-lo e colocá-lo no local indicado. Entre inúmeras tentativas, a equipe conseguiu realizar uma “volta” excelente e dentro do tempo limite de 5 minutos. A prova valeu 600 pontos e garantiu o 3º lugar.

 

Aventura cheia de dificuldades

A história da conquista passa por uma série de situações que precisaram ser contornadas para permitir que a equipe conseguisse participar da disputa. Com a inscrição aprovada para o Mundial, surgiram as dificuldades para bancar aos gastos de viagem, hospedagem, transporte do equipamento e tudo que envolvia o deslocamento até Bankok, sede do torneio.

Após uma procura de auxílio, sem sucesso, junto à iniciativa privada, a equipe, que não conta com patrocínios conseguiu viabilizar a viagem por meio do Programa de Recursos Humanos (PRH 22 – Furg) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Um quarto membro da equipe conseguiu apoio por meio da Pró-reitoria de Assistência Estudantil da Universidade.

Mas, além da parte financeira, havia todo o preparo da Doris para o grande evento. Com o avanço da Covid-19, a parte física do robô estava defasada, uma vez que as disputas eram feitas de modo remoto, como uma simulação. “A Doris ficou com dois anos de defasagem física, porque durante a pandemia a gente só atualizava a questão lógica, a programação, as habilidades de software dele. Precisávamos atualizar o hardware para poder acompanhar o restante”, conta Dyonisio.

Então eles iniciaram uma “maratona” de quatro meses de muito trabalho, com aulas pela manhã e trabalho direto no robô durante os turnos da tarde e da noite. “Muitas vezes a gente chegava na universidade às 8h e acabávamos saindo depois das 22h”, acrescenta.

A Tailândia e novos percalços

Chegando na Tailândia, novos problemas inesperados. Logo no desembarque, a surpresa que uma das malas, que também levava algumas peças da Doris, havia sido extraviada. A situação foi resolvida apenas no dia seguinte, o que atrasou a preparação dos equipamentos e os testes no ambiente de competição.

Além disso, como não foi possível transportar as baterias no avião, eles também tiveram que procurar as peças por lá. A questão do idioma acabou sendo mais um transtorno, já que grande parte dos tailandeses não fala inglês.

O maior problema, todavia, veio no dia da prova de inspeção, uma espécie de teste geral que autoriza a participação nas próximas fases. Após algumas sessões de treino, a equipe teve problemas com um cabo que conecta a base do robô com o restante. Precavidos, eles haviam levado cinco unidades da peça, mas todas elas acabaram danificadas. Com o comércio local já fechado, foi grande a dificuldade para conseguir uma peça sobressalente. O cabo só foi achado em uma loja a 2h de carro do local das provas.

“Se a gente não tivesse conseguido, não poderíamos realizar as provas, não faríamos a fase de inspeção. Era quase 21h30 quando fomos aprovados e o local fechava as 22h”, diz.

Ambiente de inovação

O fato de a equipe ser a primeiro de fora do estado de São Paulo a conseguir se classificar para o torneio mundial nesta categoria, anima não apenas os integrantes do time de robótica FBOT da Furg, mas também todo o setor ligado à indústria da inovação na cidade, que recentemente viu aprovada a Lei da Inovação, que estabelece uma série de medidas de apoio ao desenvolvimento de indústrias de tecnologia e inovação na cidade.

“Esse resultado acaba incentivando todo mundo que quer trabalhar com tecnologia e inovação. Mostra que a gente é capaz de trabalhar e de ser uma referência nesse sentido”, afirma o competidor.

Para o secretário municipal de Desenvolvimento, Inovação e Turismo, Gilberto Sequeira somente o fato de a cidade estar representada em uma competição deste nível já é um grande feito para chamar atenção ao ambiente de inovação que começa a ser construído na cidade e que deve ser incrementado nos próximos meses, especialmente a partir da aprovação da lei que regulamenta o 5G no município e deve colocar Rio Grande na dianteira para receber a nova tecnologia.

O prefeito Fábio Branco, por sua vez, ressalta o trabalho conjunto com instituições como a Furg e o IF-Sul para transformar Rio Grande em um polo da indústria tecnológica. “Temos trabalhado para sermos os melhores. Queremos que Rio Grande seja referência na inovação assim como é a respeito da Lei de Liberdade Econômica, para que a gente consiga acelerar esses processos. E essas parcerias que a gente tem tido, com gente sempre disposta a colaborar, tem facilitado o meu trabalho. É o coletivo que faz com que as coisas aconteçam”, diz.

A Equipe de Robótica da Furg – FBOT, conquistou um grande resultado na RoboCup 2022, a Copa do Mundo de Robótica, disputada na Tailândia ao terminar a competição em terceiro lugar, na categoria @Home. A façanha de Doris (do inglês, Domestic Robotic Intelligent System, ou Sistema Inteligente Robótico Doméstico) é inédita para o Rio Grande do Sul, já que, até então, apenas equipes de São Paulo haviam participado do mundial da categoria.

“Acho que representa todo o esforço que a gente teve. Tem equipes que estão há muito mais tempo competindo nessa categoria e o nosso projeto é relativamente recente, de 2018. Ser a primeira equipe do RS a participar foi motivador. Foi surpreendente para todos nós a atmosfera de torcida que foi criada e o resultado que a gente conseguiu”, conta um dos membros da equipe, Jardel Dyonisio.

O foco no trabalho desenvolvido era tanto que eles sequer comemoram os feitos alcançados, como a vaga para a segunda fase, entre as seis melhores. “Nem sei dizer se tivemos algum tipo de reação a não ser tentar trabalhar mais pra tentar manter ou melhorar o resultado. Ao fazer as provas, a gente foi vendo que tinha chance de conseguir uma boa colocação”, diz.

Mesmo sem completar a tarefa da fase seguinte, a equipe garantiu o 3º lugar devido a uma apresentação muito boa na primeira fase, um resultado histórico para o Rio Grande do Sul, para a Furg e para a cidade de Rio Grande. “Para falar a verdade, acho que até agora a gente não tem muito a dimensão do que conquistou. A ficha vai caindo aos poucos que nós somos uma das três melhores equipes do mundo”, afirma.

Os quatro representantes da Furg devem chegar em Rio Grande na quinta-feira (21). Depois do descanso merecido, o foco deverá ser qualificar a Doris, buscar o título brasileiro e uma vaga para o mundial do ano que vem, que será disputado na França.

Quem são eles

O grupo que representou a equipe de robótica FBOT, na Tailândia, é formado pelos rio-grandinos Igor Pardo Maurell – mestrando em Engenharia da Computação; Jardel dos Santos Dyonisio e João Francisco de Souza Santos Lemos, alunos da Engenharia de Automação. A comitiva ainda contou com Pedro Lima Corçaque, natural de São Gabriel, também aluno da Engenharia de Automação da Furg.

Doris foi projetada e desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), trabalho que conta com a participação de cerca de 50 pessoas, considerando as duas instituições.

No cenário nacional, a FBOT vem conseguindo resultados expressivos desde o início do programa em 2018. Foram três anos consecutivos na 3ª posição do Campeonato Brasileiro e, na última edição, em 2021, a equipe foi vice-campeã.

Robô doméstico e as provas

Na categoria @Home, a robô Doris precisou utilizar seus sensores e câmeras para a execução de tarefas domésticas, como reconhecer os itens, se deslocar sem problemas e capturar as peças usando o seu braço robótico, tudo isso de forma autônoma.

A primeira tarefa é a fase de inspeção, onde é necessário demonstrar aos juízes que o robô é seguro para pessoas e ambiente doméstico. “Basicamente ele tem que ter a capacidade de desviar de objetos e pessoas quando está navegando. Não pode ter fios expostos ou algo que possa ferir a integridade humana, e precisa de um sistema que, em caso de emergência, possa ser acionado para desativar o robô completamente”, comenta Dyonisio.

Durante a prova no Mundial, a Doris esteve no ambiente de quatro peças, que simulava uma casa, e precisava identificar onde estava o recipiente de lixo, retirá-lo e colocá-lo no local indicado. Entre inúmeras tentativas, a equipe conseguiu realizar uma “volta” excelente e dentro do tempo limite de 5 minutos. A prova valeu 600 pontos e garantiu o 3º lugar.

 

Aventura cheia de dificuldades

A história da conquista passa por uma série de situações que precisaram ser contornadas para permitir que a equipe conseguisse participar da disputa. Com a inscrição aprovada para o Mundial, surgiram as dificuldades para bancar aos gastos de viagem, hospedagem, transporte do equipamento e tudo que envolvia o deslocamento até Bankok, sede do torneio.

Após uma procura de auxílio, sem sucesso, junto à iniciativa privada, a equipe, que não conta com patrocínios conseguiu viabilizar a viagem por meio do Programa de Recursos Humanos (PRH 22 – Furg) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Um quarto membro da equipe conseguiu apoio por meio da Pró-reitoria de Assistência Estudantil da Universidade.

Mas, além da parte financeira, havia todo o preparo da Doris para o grande evento. Com o avanço da Covid-19, a parte física do robô estava defasada, uma vez que as disputas eram feitas de modo remoto, como uma simulação. “A Doris ficou com dois anos de defasagem física, porque durante a pandemia a gente só atualizava a questão lógica, a programação, as habilidades de software dele. Precisávamos atualizar o hardware para poder acompanhar o restante”, conta Dyonisio.

Então eles iniciaram uma “maratona” de quatro meses de muito trabalho, com aulas pela manhã e trabalho direto no robô durante os turnos da tarde e da noite. “Muitas vezes a gente chegava na universidade às 8h e acabávamos saindo depois das 22h”, acrescenta.

A Tailândia e novos percalços

Chegando na Tailândia, novos problemas inesperados. Logo no desembarque, a surpresa que uma das malas, que também levava algumas peças da Doris, havia sido extraviada. A situação foi resolvida apenas no dia seguinte, o que atrasou a preparação dos equipamentos e os testes no ambiente de competição.

Além disso, como não foi possível transportar as baterias no avião, eles também tiveram que procurar as peças por lá. A questão do idioma acabou sendo mais um transtorno, já que grande parte dos tailandeses não fala inglês.

O maior problema, todavia, veio no dia da prova de inspeção, uma espécie de teste geral que autoriza a participação nas próximas fases. Após algumas sessões de treino, a equipe teve problemas com um cabo que conecta a base do robô com o restante. Precavidos, eles haviam levado cinco unidades da peça, mas todas elas acabaram danificadas. Com o comércio local já fechado, foi grande a dificuldade para conseguir uma peça sobressalente. O cabo só foi achado em uma loja a 2h de carro do local das provas.

“Se a gente não tivesse conseguido, não poderíamos realizar as provas, não faríamos a fase de inspeção. Era quase 21h30 quando fomos aprovados e o local fechava as 22h”, diz.

Ambiente de inovação

O fato de a equipe ser a primeiro de fora do estado de São Paulo a conseguir se classificar para o torneio mundial nesta categoria, anima não apenas os integrantes do time de robótica FBOT da Furg, mas também todo o setor ligado à indústria da inovação na cidade, que recentemente viu aprovada a Lei da Inovação, que estabelece uma série de medidas de apoio ao desenvolvimento de indústrias de tecnologia e inovação na cidade.

“Esse resultado acaba incentivando todo mundo que quer trabalhar com tecnologia e inovação. Mostra que a gente é capaz de trabalhar e de ser uma referência nesse sentido”, afirma o competidor.

Para o secretário municipal de Desenvolvimento, Inovação e Turismo, Gilberto Sequeira somente o fato de a cidade estar representada em uma competição deste nível já é um grande feito para chamar atenção ao ambiente de inovação que começa a ser construído na cidade e que deve ser incrementado nos próximos meses, especialmente a partir da aprovação da lei que regulamenta o 5G no município e deve colocar Rio Grande na dianteira para receber a nova tecnologia.

O prefeito Fábio Branco, por sua vez, ressalta o trabalho conjunto com instituições como a Furg e o IF-Sul para transformar Rio Grande em um polo da indústria tecnológica. “Temos trabalhado para sermos os melhores. Queremos que Rio Grande seja referência na inovação assim como é a respeito da Lei de Liberdade Econômica, para que a gente consiga acelerar esses processos. E essas parcerias que a gente tem tido, com gente sempre disposta a colaborar, tem facilitado o meu trabalho. É o coletivo que faz com que as coisas aconteçam”, diz.

Assessoria PMRG

 

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