Vigilância recomenda cuidados com saúde em locais que sofreram enchentes e alagamentos
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Publicado em 20/06/2023

Após as ocorrências de enchentes e alagamentos registrados no Estado nos últimos dias, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) orienta alguns cuidados especiais à população de áreas atingidas. As recomendações visam evitar a contaminação por doenças como leptospirose, hepatite A, cólera e tétano acidental, entre outras. Há ainda cuidados específicos para a limpeza da casa e da caixa d’água, assim como para o consumo de água e alimentos.

A leptospirose é uma das doenças de atenção no período após inundações. Ela é transmitida pela urina do rato e acontece pelo contato com água ou lama contaminada. No período chuvoso, os rios, os córregos e a rede de esgoto podem transbordar. Essa água invade tocas de ratos (que se encontram em galerias, lixões, terrenos baldios e esgotos) e chega contaminada às residências. O contato com a pele e as mucosas, além da ingestão de alimentos, líquidos e medicamentos contaminados transmitem a leptospirose para o ser humano.

Por isso, pessoas que trabalham na limpeza de ambientes que contenham lama, entulho e esgoto devem usar botas e luvas de borracha para evitar o contato da pele com água e lama contaminadas (se isso não for possível, é importante usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés).

Após as águas baixarem, será necessário retirar a lama e desinfetar o local (sempre se protegendo). Pisos, paredes e bancadas devem ser lavados desinfetando com água sanitária na proporção de duas xícaras de chá (400ml) desse produto para cada balde de 20 litros de água, deixando agir por trinta minutos.

Se, apesar dessas orientações, a pessoa apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo até quarenta dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto, é preciso procurar imediatamente a unidade de saúde mais próxima. É importante contar ao médico a respeito do contato com água ou lama de enchente.

Tétano acidental

O contato com entulhos e destroços podem provocar lesões na pele e, consequentemente, o adoecimento por tétano acidental. A doença é causada por uma bactéria que pode estar presente em objetos de metal (mesmo que não esteja enferrujado), madeira, vidro ou mesmo no solo (pregos, latas, ferramentas agrícolas, cacos de vidro, galhos de árvore, espinhos, pedaços de móveis e outros).

As pessoas podem adoecer quando sofrem lesões na pele (ferimentos, cortes, perfurações) por objetos contaminados. Por isso, deve-se proteger mãos, braços, pés e pernas com luvas e botas ao manusear entulhos.

Consumo de água após inundações e enchentes

A água contaminada em situações de desastres pode conter microrganismos causadores de doenças como cólera, diarreia, febre tifoide, hepatite tipo A e leptospirose, entre outras. A população de áreas atingidas deve priorizar o consumo de água mineral quando não houver possibilidade de adotar os procedimentos abaixo.

Cuidados que devem ser tomados com água para consumo:

  • filtre a água utilizando filtro doméstico. Caso não seja possível, utilize coador de papel ou pano limpo;
  • na impossibilidade de filtrar ou coar, reserve ou coloque a água em um vasilhame limpo e deixe a sujeira decantar (descer até o fundo do vasilhame) até que a água fique transparente. Em seguida, separe com cuidado a água limpa, coloque em outra vasilha limpa e realize a desinfecção com água sanitária (solução de hipoclorito de sódio a 2,5%);
  • coloque duas gotas de água sanitária a cada um litro de água para inativação/eliminação de microrganismos que causam doenças;
  • aguarde trinta minutos para beber a água, tempo necessário para o hipoclorito eliminar os microrganismos presentes na água;
  • na falta de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), filtre a água utilizando filtro doméstico, coador de papel ou pano limpo e ferva-a durante cinco minutos (comece a contar após o início da fervura/ebulição);
  • caso observe alguma alteração na água da torneira (como odor ou coloração diferente do habitual) entre em contato com a empresa de saneamento responsável pela distribuição da água ou a secretaria de saúde do seu município.

Cuidados com alimentos em casos de enchentes

Após uma enchente ou inundação é possível que os alimentos não estejam em condições adequadas para consumo. Alimentos contaminados podem causar diarreias, vômitos, febre e, em casos mais graves, podem levar à morte.

Não devem ser consumidos:

  • alimentos com cheiro, cor ou aspecto fora do normal (úmido, mofado, murcho);
  • alimentos como leite, carne, peixe, frango e ovos, crus ou malcozidos, principalmente aqueles que entraram em contato com a água da enchente;
  • frutas, verduras e legumes estragados ou escurecidos que entraram em contato com a água da enchente;
  • alimentos cozidos ou refrigerados e que tenham ficado por mais de duas horas fora da geladeira, principalmente carne, frango, peixe e sobras de alimentos;
  • alimentos com embalagem em plástico (garrafas PET, leite em saco, grãos ensacados) que tiveram contato com água da enchente devem ser descartados, mesmo que não tenham sido abertos;
  • alimentos com embalagens em latas, plásticos e vidros que apresentem sinais de alteração, como inchaço, esmagamento, vazamento, ferrugem, buracos, tampas estufadas ou outros danos devem ser descartados, mesmo que não tenham sido abertos.

Dez passos para a limpeza e desinfecção da caixa d’água caso o sistema de abastecimento de água ou a própria caixa tenham sido afetados:

  1. feche o registro e esvazie a caixa d’água, abrindo as torneiras e dando descargas;
  2. quando a caixa estiver quase vazia, feche a saída e utilize a água que restou para a limpeza da caixa a fim de que a sujeira não desça pelo cano;
  3. esfregue as paredes e o fundo da caixa utilizando panos e escova macia ou esponja. Nunca use sabão, detergente ou outros produtos. Deve-se utilizar luvas e botas de borracha para realização dessa atividade;
  4. retire a água suja que restou da limpeza, usando balde e panos, deixando a caixa totalmente limpa;
  5. deixe entrar água na caixa até encher e acrescente um litro de água sanitária para cada mil litros de água;
  6. aguarde por duas horas para desinfecção do reservatório;
  7. esvazie a caixa. Essa água servirá para limpeza e desinfecção das canalizações, do chão e das paredes;
  8. tampe a caixa d’água para que não entrem pequenos animais ou insetos;
  9. anote a data da limpeza do lado de fora da caixa;
  10. abra a entrada de água.

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