Praça Azul: primeira praça do estado desenvolvida para autistas será inaugurada em breve em Rio Grande
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Publicado em 06/07/2023

Um sonho construído por diversas mãos está cada vez mais perto de se tornar realidade. O projeto “Praça Azul”, um espaço recreativo destinado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), incluindo crianças, jovens e adultos, está tomando forma.  A previsão é de que a praça, que está em construção na Rua Arroio Grande, entre Alfredo Rodrigues e Oswaldo Cruz, no Balneário Cassino, seja entregue para a população daqui dois meses.

O projeto da praça foi idealizado ainda no ano passado pelo, até então, grupo de pais de pessoas no espectro autista, que ao compartilharem suas experiências e vivências, explicitaram a necessidade de um espaço próprio onde seja possível realizar atividades recreativas em segurança. Desde então, o grupo tem se difundido e atualmente é a Associação TEA’amo, formada por mais de 300 famílias. A associação trabalha com diferentes iniciativas voltadas à inclusão e busca melhorar a qualidade de vida de pessoas neurodivergentes e será responsável pela administração da praça.

Após as discussões, o grupo entrou em contato com o Secretário Municipal do Balneário do Cassino, Sandro Boka, que aceitou a proposta e atualmente trabalha junto com estas famílias para que a praça seja construída. “Eu levei eles na área da Praça Azul, perguntei o que eles achavam, eles gostaram muito, acharam muito legal o espaço. Então eu pedi para que eles fizessem o projeto e apresentassem. Eles fizeram e então será uma praça sensorial que é de extrema importância para a comunidade”, disse o secretário.

Cibele Rocha, presidente da Associação TEA’amo, comenta: “A ideia de fazer o projeto surgiu porque nós já lidamos, todos os dias, com uma sobrecarga, principalmente das terapias, mas de outros fatores também, então é frustrante não ter um espaço onde a gente se sinta adequado”, afirma. Cibele ainda acrescenta que muitas vezes durante estes processos há uma dificuldade em incluir as crianças no espectro autista com neurotípicos durante as brincadeiras. 

Esse sentimento de inadequação vem de desafios recorrentes, como os riscos e desconformidades em ambientes abertos. Os pais explicam que há insegurança em deixar seus filhos brincarem em lugares nos quais eles desconhecem as limitações. Cibele conta que aprofundou a conversa com essas famílias e procurou entender aquilo que é necessário para um espaço de recreação adequado a este público, em específico. Durante a troca, surgiram outras sugestões até que o projeto inicial estivesse completamente concluído. 

Dentre essas, uma das ideias que também foram desenvolvidas foi a de adaptar os brinquedos. Na praça inclusiva haverão balanços e redários de diferentes tamanhos, adequados para o público adolescente e adulto. Ainda, todos os balanços serão reforçados com encosto. De acordo com a presidente da associação, grande parte das pessoas no espectro gostam do movimento dos balanços, mesmo em idades avançadas e que é essencial pensar nesses detalhes.

Outra ideia que já está em construção é o jardim sensorial, o qual recebeu pisos durante o último mês. O jardim sensorial é um pequeno labirinto destinado ao plantio de ervas e flores, no qual as crianças poderão sentir o aroma dos plantios como alecrim, hortelã, erva cidreira e outros. De acordo com a Associação, o espaço foi pensado pois as crianças dentro do espectro têm a parte sensorial mais aguçada. Além disso, a praça também contará com área molhada sensorial, pula-pula de pneus e brinquedos tradicionais como escorregadores, gangorras e gira-gira.

Atendendo a pedidos, o cercado da Praça Azul, prioridade do projeto, já foi colocado. Além disso, os colaboradores da associação também já realizaram a pintura da cerca que recebeu a cor azul, simbólica à conscientização do autismo. Uma leva de brinquedos, como balanços e gangorras, já foram entregues e a iluminação do local foi instalada.

Os investimentos para a construção da praça são oriundos de parcerias com instituições privadas e públicas, bem como da realização de eventos beneficentes. O mais recente, o Assado no Horto, que aconteceu em março deste ano, arrecadou mais de R$41 mil que serão utilizados para a compra da segunda leva de brinquedos do espaço. Planeja-se, ainda, a colocação de banheiros e um espaço de convivência para as famílias.

Quando aberta ao público, a Praça Azul, que tem previsão de entrega ainda neste ano, será a primeira e única praça destinada a pessoas no espectro autista do estado do Rio Grande do Sul. De acordo com Sandro Boka, para o poder público, desenvolver este projeto é de extrema importância pois trabalha pela inclusão e oferece oportunidades de integrar pessoas com espectro autista na comunidade, de forma que seja prioridade sempre atender às suas necessidades.

Por fim, Cibele diz estar grata e feliz pelo projeto ter sido bem aceito pela comunidade e pela a associação ter recebido ajuda para poder concluir a realização deste sonho. ”Todas as pessoas são bem-vindas na praça. Porém, estar em um espaço onde esses pais vão encontrar pessoas que podem compartilhar seus sentimentos e que seu filho, neto ou sobrinho vai poder ser realmente quem ele é, sem julgamento traz um sentimento muito bom. Muito bom”, finaliza.

ASSESSORIA --- PMRG

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