Painel na Semana do Patrimônio ressaltou união institucional no projeto de revitalização da Capilha
21/08/2023 09:00 em Variadas

Após um intenso trabalho de articulações interinstitucionais, em fevereiro de 2022 a Capela do Taim foi revitalizada e devolvida à comunidade. Para falar do histórico e do passo a passo dos processos que permitiram a tão aguardada recuperação, representantes do Ministério Público Federal (MPF), da Prefeitura do Rio Grande e do SEBRAE-RS compuseram ontem um painel durante a Semana do Patrimônio 2023. O diálogo foi coordenado pela primeira-dama e secretária de Desenvolvimento e Turismo, Luciane Compiani Branco.

 

A procuradora federal Anelise Becker abriu os trabalhos com um breve relato sobre a atuação do MPF na busca pela revitalização não só da igreja, mas também pela preservação da localidade em si da Capilha. Ainda em 1998 o órgão federal ajuizou uma ação contra o Município cobrando resoluções para as estruturas que protegiam o entorno da capela, que se apresentavam comprometidas. Desde então passou a realizar permanentemente um trabalho de acompanhamento junto à localidade, ao longo dos anos que se seguiram.

 

No final de 2020 finalmente foi possível a assinatura de um Termo de Destinação de Valores entre o MPF, a Prefeitura do Rio Grande, a Mitra Diocesana de Rio Grande e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) para o custeio do restauro, cujo valor aportado foi de R$ 2 milhões. O IPHAN foi o responsável pela concepção do projeto de restauração. A contrapartida foi a de que a administração municipal assumisse um plano integrado de gestão, conservação e sustentabilidade para a localidade o Taim.

 

“Nesse sentido, já havia existia, por exemplo, um plano pré-existente datado de 2003, junto ao NEMA/FURG, que foi debatido e atualizado contando com o auxílio do Município e do IPHAE. Então conseguimos tornar possível que a revitalização fosse além do restauro da igreja, porque havia para nós a preocupação de que: se investisse no restauro, de que a capela fosse recuperada, mas como é que se manteria aquele investimento se o entorno continuasse a se degradar?”, explicou Anelise Becker demonstrando, através de imagens, o uso desordenado da localidade por turistas - como a construção de decks e rampas para quadriciclos sobre as falésias, entre outros - que terminam por gerar impactos ambientais nocivos na região.

 

Na avaliação da representante do MPF, o que tornou possível a transformação, por todos hoje assistida, foi o trabalho coletivo, além de muita articulação interinstitucional. “Foi um projeto concebido com o esforço conjunto de todos os órgãos envolvidos, contudo sem perder de vista a valorização das pessoas que ali vivem, uma vez que não se quer uma ‘gentrificação’, ou seja não se quer essas pessoas saiam daquele lugar, nem que suas vidas sejam invisibilizadas. Pelo contrário, se quer e, se precisa, da participação delas e sua integração em todo esse projeto para que essa revitalização se prologue no tempo”, finalizou a procuradora.

 

Atuação da administração municipal

 

Ao agradecer a exposição histórica feita por Anelise, Compiani, titutar do Turismo - uma das unidades municipais envolvidas no plano de contrapartida integrado – destacou que ao assumir a pasta pode acompanhar o final da execução da obra da capela e assim pode ver de perto a satisfação pessoal das pessoas envolvidas com a restauração.

 

Além da unidade do Turismo, fazem parte do grupo de trabalho responsável pela execução do plano as secretarias da Pesca, do Meio Ambiente, de Zeladoria da Cidade, de Mobilidade Acessibilidade e Segurança e a de Coordenação, Planejamento, Habitação e Regularização Fundiária.

 

No painel Andréa Burguez, turismóloga da SMDIT, destacou as ações do turismo dentro do plano, o trabalho desenvolvido inter-secretarias, além de ressaltar a importância de parceiros como o SEBRAE, o NEMA, a Embrapa e o SESC para a solidificação das ações. “Promovemos reuniões mensais para que as ações se desenvolvam de forma articulada entre as secretarias. E nesse projeto turístico, o olhar que estamos lançando diz respeito ao ordenamento do espaço, que já é um ponto turístico consolidado. Então o trabalho é de educação ambiental, especialmente aos que frequentam a Capilha. Outra frente primordial desenvolvida é a do diálogo e aproximação junto da comunidade, com a realização de encontros sobre como é possível colocar em prática um turismo sustentável, e para isso temos contado com a atuação de grandes parceiros, como o SEBRAE por exemplo”, detalhou Andréa.

 

O trabalho a que Andréa se refere diz respeito ao envolvimento dos empreendedores locais da Capilha no que tange ao desenvolvimento das suas pequenas empresas, algumas que já atuam inclusive há mais de 20 anos na localidade. Jussara Cruz, parceira da Prefeitura e gestora de projetos sobre turismo no SEBRAE-RS narrou os desafios encontrados à frente e as mudanças de rotas que se fizeram necessárias para alcançar o público de empreendedores da localidade.

 

“Às vezes o que nós precisamos fazer é parar. Parar e compreender que por trás de necessidades coletivas existem, também, necessidades individuais. Então depois de perceber a baixa adesão as primeiras atividades propostas, fomos atrás dessas pessoas, uma a uma, para saber quais eram os seus anseios. Algo que nós identificamos, por exemplo, é que aquelas pessoas, aqueles pequenos empreendedores da Capilha, que durante muito tempo estiveram isolados, não acreditavam que todas aquelas atividades seriam ofertadas de forma gratuita a eles”, relatou Jussara contando que depois das mudanças de estratégias e busca ativa individual das empreendedoras e empreendedores hoje o SEBRAE já conseguiu realizar com elas e eles consultoria sobre eventos, cursos sobre design de comunicação, arquitetura, planos de negócios, gestão financeira, precificação de produtos, encontro de mulheres e visitas técnicas a outros redutos turísticos na região.

 

Resultado dessa aproximação e envolvimento da comunidade com o projeto de revitalização - que inclui também a preservação do modo de vida no local - foi a realização de um projeto de artesanato para o empreendedorismo local, que uniu artesãos da Capilha com outros da Vila da Quinta. Uma amostra dos resultados dessa parceria - que buscou valorizar e traduzir em peças a variedade de peixes existentes na região – foi feita durante o painel por Maria Cristina Cuervo (arquiteta do SEBRAE-RS) e deve ser conhecida em breve pelo grande público rio-grandino.

Assessoria -- PMRG

 

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