De acordo com informações do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) a partir dos dados coletados pela estação meteorológica da Furg, o acumulado de chuvas até o momento deste mês de setembro é de 310mm. Em comparação com o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram pouco mais de 12 mm de precipitação, a quantidade atual é cerca de 25 vezes maior, o que explica um pouco do atual cenário enfrentado pelo município nos últimos dias. O contexto de chuvas intensas e enchentes foi semelhante em grande parte do RS e deixou 47 vítimas, grande parte na região do Vale do Taquari.
Como comparação, segundo a Emater-RS, também a partir de dados do INMET, a média histórica de chuvas no município para o mês é de 153,2 mm. Ou seja, a precipitação em Rio Grande nos primeiros 14 dias é mais do que o dobro da média para o mês inteiro de setembro.
Apenas nesta semana, até quinta-feira (14), foram quase 130 mm de precipitação, volume semelhante ao que era esperado para a cidade no período. Na segunda-feira (11), durante reunião para definição de um plano preventivo, representantes do governo municipal, equipes técnicas, órgãos de segurança e instituições relacionadas já trabalhavam com a previsão de 120 mm na semana, quantia que acabou superada.
Além da precipitação intensa, a situação de Rio Grande também foi prejudicada pelo acumulado de chuvas da última semana, quando o INMET computou mais de 170 mm. Tal contexto contribuiu para um represamento das águas, afetou diretamente a capacidade de absorção do solo e também causou o aumento do nível do Arroio das Cabeças, na Vila da Quinta, região onde muitas famílias precisaram sair de suas casas pelo acúmulo de água.
Abrigos
De acordo com balanço da Defesa Civil, nos últimos quatro dias as equipes realizaram 60 resgates de famílias cujas casas foram afetadas por alagamentos - a maioria deles na Vila da Quinta. Os moradores foram levados para o abrigo do Salão Paroquial da Comunidade Nossa Senhora da Penha, onde 30 pessoas já estavam acolhidas desde que o Arroio das Cabeças transbordou no último dia 7 de setembro.
Na manhã desta quinta-feira o abrigo acolhia 93 pessoas, segundo informações da SMCAS e Defesa Civil. Ao longo do dia, com a pausa na chuva, algumas famílias estão conseguindo retornar para suas moradias, localizadas em pontos onde os alagamentos já não atingem mais as residências. Elas estão recebendo roupas, itens de higiene e cestas básicas, materiais entregues apenas para as famílias que foram acolhidas no abrigo.
Como houve muita precipitação em todo o estado e essas águas ainda estão escoando, ainda há possibilidade de novos acúmulos e novas enchentes. Além disso, também há previsão do retorno das chuvas na próxima semana.
Caso haja necessidade de abrigar mais pessoas, o poder público já preparou dois novos locais: a EMEF Viriato Correa, que servirá de ponto de acolhimento para famílias da Vila da Barra e demais localidades do perímetro urbano que necessitaram de abrigo; e a EMEI Usina, para famílias da Vila da Quinta e das ilhas.
Arrecadações para auxílio
A campanha Mobiliza Rio Grande, que havia sido pensada para apoiar os atingidos pelo ciclone extratropical no mês de julho, foi novamente posta em prática, buscando doações para os novos acolhidos. Até o momento, dentre todas as doações, contabilizam-se mais de 30 toneladas de arrecadações recolhidas pela COOTRACAN - RG. Os mantimentos estão armazenados em um contêiner, que será recebido pela Defesa Civil do Rio Grande, e conta com remédios, itens de higiene pessoal e limpeza, roupas, cobertas, fogões, utensílios de cozinha, colchões, fraldas, água e utensílios descartáveis. Além disso, foram doados, também, 5,5 toneladas de alimentos que serão entregues a essas famílias.
Atualmente, a maior necessidade é por itens de higiene pessoal, produtos de limpeza, roupas íntimas, toalhas, lençóis e cobertores.
ASSESSORIA -- PMRG