II Seminário Municipal de Educação Infantil abordou amplitude de temáticas dentro do campo das infâncias e docências
27/10/2023 08:41 em Variadas

O II Seminário Municipal de Educação Infantil “Docências e Infâncias: inspiração, superação, motivação” promovido pelo Núcleo de Educação Infantil da Secretaria de Município de Educação (SMEd) concentrou professores, auxiliares pedagógicos, atendentes e equipe gestora do Núcleo em dois dias de intensa formação continuada. As atividades aconteceram nas dependências do Praça Shopping (parceiro da Prefeitura) e reuniram mais de 500 profissionais da área da Educação durante os últimos dias 24 e 25/10.

 

Distribuídos por sete salas disponibilizadas para o Seminário, os grupos fizeram uma imersão em oficinas e palestras que passaram por temáticas como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Síndroma de Down, possibilidades ao ensino de ciências, parentalidade, experimentos em artes, o ensino da Cultura Afro na sala de aula, igualdade de gênero no ambiente escolar, trilhas pedagógicas, educação patrimonial, entre outras.

 

A coordenadora do Núcleo da Educação Infantil, Bruna Gonçalves Mendonça, explica que o corpo docente da Educação Infantil foi ele próprio protagonista para a escolha dos assuntos a serem discutidos na formação. Através de respostas a um formulário, as equipes indicaram previamente os temas mais urgentes que dialogavam com a realidade da comunidade escolar em que estão inseridos no dia a dia do atendimento às crianças.

 

A gestora também assinala que o fato de agora a Educação Infantil poder contar com um calendário exclusivo seu, é o que condiciona e possibilita a realização do Seminário. Ela explica que antes as professoras e professores da Educação Infantil não dispunham de um calendário próprio, o que dificultava o trabalho das especificidades relativas a esse nível de ensino. “Nessa gestão conseguimos então fazer a organização de um calendário somente da educação infantil, uma vez que temos características diferentes do nível fundamental de ensino. Dentro do calendário nós garantimos 4 dias não letivos, que por conseguinte não prejudicam os dias letivos das crianças. E nesses quatro dias nós garantimos, então, a realização do processo formativo junto aos professores”, detalha Bruna.

 

A partir da trocas e compartilhamento de experiências dentro do Seminário, as equipes têm a possibilidade de levar para as suas salas de aula o aprimoramento e novas práticas, a fim de que sejam aplicadas junto ao público diversificado das crianças da Educação Infantil, auxiliando no desenvolvimento integral dessa diversidade.

 

Oficineiras e palestrantes da casa

 

Um ponto a se destacar na edição desse Seminário é o fato de que as oficineiras, oficineiros e palestrantes são do município de Rio Grande, a maioria de dentro da própria Rede Municipal de Ensino. A escolha visou valorizar os profissionais locais e os seus saberes situados. Bruna explica que, por vezes, se paga caro por um palestrante de outro município, e até mesmo vindo de outro Estado, e portanto não estão a par da realidade local. “Temos profissionais extremamente capacitados e competentes que estão dentro da nossa Rede. Além disso, a escolha deles como debatedores funciona também como um incentivo para que as nossas professoras e professores se aproximem e conheçam os trabalhos uns dos outros”, ressalta Bruna.

 

Dentre as palestrantes estiveram nomes como os da diretora da EMEI Alcides Barcelos; a coordenadora da EMEI Maria Lúcia Luzzardi e o orientador educacional e profissional da Sala de Recursos da escola, respectivamente, Sheron Almeida e Guilherme Botelho Chagas, realizando oficinas sobre o tema da “Inclusão”.

 

Compreendendo o autismo e a síndrome de Down nas relações familiares e escolares

 

A EMEI Luzzardi levou para a programação do Seminário o tema da inclusão na Educação Infantil. A oficina formativa ministrada por Sheron Almeida e Guilherme Botelho buscou demonstrar possibilidades de práticas no cotidiano da sala de aula com os estudantes incluídos. Para a coordenadora da EMEI, a primeira mudança de onde se precisa partir para pensar a inclusão de crianças está no próprio olhar daqueles que vão atendê-las no dia a dia da escola. “O primeiro de tudo é uma questão de olhar mesmo, de ter a delicadeza no olhar, de perceber aquele ser humano presente ali, independente do CID que ele carrega. De estar aberto às diferenças. E, claro, junto com isso, também ter o apoio da equipe técnica, ter monitor, ter coordenador, professor de sala de recurso, e uma Secretaria amparando tudo isso”, enumera a oficineira.

 

Para Sheron, o debate sobre a educação inclusiva hoje deve estar mais voltado ao “como vamos fazer”, do que ao “se vamos fazer”. “A inclusão já é uma realidade. Então atualmente a gente entra muito mais das estratégias de como vamos fazê-la. Hoje nós demos sugestões, a partir da nossa experiência dentro da Luzzardi, dos estudos que a gente faz também dentro da nossa escola, de que técnicas são mais adequadas, quais são as cientificamente comprovadas e que vão trazer mais sucesso para os alunos incluídos. Além de transmitir aos professores em formação o entendimento de que os estudantes incluídos devem ser compreendidos como mais um estudante que está ali no meio de um grupo e que tem uma necessidade específica que precisa ser olhada e que precisa ser trabalhada também de uma forma específica”, narrou Sheron.

 

Segundo Guilherme, a Rede Municipal já dá um importante passo nessa direção, na medida em que insere a discussão no Seminário, o que possibilita que as práticas da EMEI Luzzardi - que é referência em autismo na cidade do Rio Grande - possam alcançar um grande número de outras escolas que atendem crianças incluídas. “A Luzzardi está aberta para poder auxiliar as outras comunidades, as outras escolas do nosso município, assim como acolher as famílias também”, disse o orientador educacional.

 

Para os oficineiros, os cerca de 40 professores e professoras que participaram da oficina no turno da tarde do dia 25/10 estavam bastante receptivos. Embora se reconheça que ainda há muito o que ser trabalhado para que se alcance uma inclusão que a entenda, não como uma obrigação, mas como própria da vida em sociedade, uma vez que somos todos diferentes. “O que nós notamos é que ainda há muita insegurança de como fazer essa inclusão, mas não mais resistência. Então estamos colaborando e compartilhando as nossas experiências, para que as outras escolas possam desenvolver as suas”, completou Sheron.

 

Educação infantil, reflexões e práticas de uma professora

 

A assessora do Núcleo de Educação Infantil da Secretaria, Gabi Prado, também foi responsável por duas atividades construídas para o Seminário. A primeira delas foi uma palestra sobre o tema “Educação Infantil, reflexões e práticas de uma professora” para o grupo de participantes da formação. Durante a atividade, a professora levou a partilha de vivências, experiências, entrelaçadas também ao campo teórico, sobre diversos temas da Educação Infantil abrangidos na organização de todo o seminário, nas oficinas e nas demais palestras. “Fizemos um diálogo que passeou pelo brincar, avaliação, afetividade, acolhida, concepção de criança e infância, projetos, múltiplas linguagens, letramento e plantio das sementes teóricas. Convidamos as professoras a refletir sobre a importância de cada uma dessas áreas na educação infantil. Atrelamos isso a exemplos práticos do cotidiano e minha experiência em conversas com teóricos do campo.”, detalhou a assessora e professora.

 

No período da tarde, nos dois dias de Seminário, ela também foi oficineira da atividade “Brincadeiras corporais e musicais”, quando instigou ao grupo para que brincasse, dançasse e cantasse músicas para os diferentes níveis da educação infantil, demonstrando as áreas e habilidades que podem ser desenvolvidas pelas crianças com a realização dessas práticas na sala de aula.

 

Professoras e professores multiplicadores

 

Ao total doze diferentes oficinas e 4 palestras em sistema de revezamento foram realizadas durante os dois dias de Seminário. Para a coordenadoria do Núcleo de Educação Infantil, a expectativa é a de que os professores e professoras que participaram dos dois dias de formação possam se tornar multiplicadores dos conhecimentos e práticas discutidos, uma vez que não foi possível que todos o corpo docente de uma mesma escola pudesse estar presente em todas as oficinas. “Por outro lado nós tempos representantes das escolas nas 12 oficinas, que vão se tornar multiplicadores para as suas unidades escolares. Por exemplo, os 40 que estiveram hoje na oficina de inclusão vão ser agentes catalisadores desses conhecimentos nas formações internas das comunidades escolares em que atuam”, diz Bruna, que finaliza com a avaliação de que, durante e ao final do Seminário, o retorno sobre ele se mostrou bastante positivo por parte dos professores, que também levaram elogios à organização do evento.

 

Crédito : Prefeitura Municipal do Rio Grande

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