O Curso de Doulas Comunitárias desenvolvido pelo Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg/Ebserh), em parceria com a Escola de Enfermagem (EEnf/Furg) e a Associação de Doulas do Rio Grande do Sul (Adosul), foi premiado na categoria Gênero, Raça e Sexualidade do I Prêmio Fórum Justiça de Direitos Humanos, realizado pelo Fórum Justiça do Rio Grande do Sul.
O objetivo do Prêmio é reconhecer e dar visibilidade a iniciativas e práticas em direitos humanos desenvolvidas no estado. A entrega da premiação será na próxima terça, 12 de dezembro, às 17h, no Auditório da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul do Ministério Público Federal, situado na Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 700, em Porto Alegre.
O Curso de Doulas tem duração de um ano, com formato pioneiro na região Sul do Brasil, e já está na segunda turma. A coordenação geral é de Fabiane Ferreira Francioni (Escola de Enfermagem/Furg) e coordenação adjunta de Tânia Maria Morais Vieira Fonseca, chefe da Unidade da Saúde da Mulher do HU-Furg, de Janaína Salomão Saavedra (HU-Furg) e Gabrielle Caseira Araújo (Adosul).
Fabiane Francioni destacou a importância do curso com uma questão social, já que proporciona às pessoas interessadas mais uma opção de trabalho a ser desenvolvido, e ainda, por ser baseado nos princípios das boas práticas de humanização ao parto e nascimento, em consonância com o que preconiza o Ministério da Saúde. “O HU-Furg tem o título de Hospital Amigo da Criança, por isso, estamos sempre preocupadas com a questão da humanização do processo de parto e nascimento nesse hospital”, explica.
Fabiane afirmou que o curso de doulas veio coadunar com as outras ações já desenvolvidas no HU e esse projeto congrega forças e qualidade na assistência ao parto e nascimento, dentro do hospital, que é 100% SUS. Sobre a premiação enfatizou que “é a perpetuação da importância que o hospital tem no município de Rio Grande, por isso, estamos sempre preocupados em qualificar a assistência de saúde, prestadas às pessoas daqui e das cidades próximas, visto que somos referência em muitas áreas”.
Já para Tânia Fonseca, coordenadora adjunta do curso e chefe da Unidade da Saúde da Mulher do HU, a premiação é o reconhecimento do trabalho da instituição em parceria com a Adosul em prol da assistência humanizada das mulheres, e “além de qualificar a assistência obstétrica no período gravídico puerperal, proporciona qualificação com a possibilidade de fonte de trabalho e renda, dessa forma, ganhamos todos: o hospital, na qualidade da assistência e a comunidade com o oferecimento da formação”.
Gabrielle Caseira Araújo (Adosul), afirmou que “essa formação é fundamental porque democratiza o acesso às doulas, possibilitando que mulheres de diferentes localidades tenham a orientação e o acesso aos conhecimentos destas profissionais. Além disso, a formação foi pensada já contemplando os critérios exigidos caso haja a aprovação da lei que regulamenta a profissão de doula (PL 3.946/2021)”.
“Já se sabe que o acompanhamento de uma doula é capaz de reduzir as experiências e sentimentos negativos com relação ao parto, a ansiedade e depressão no pós-parto, aumentar a chance de parto vaginal espontâneo, além de outros benefícios, sendo fundamental ampliar o acesso das mulheres aos serviços das doulas para que elas possam ter melhores desfechos e uma percepção mais positiva da gestação ao pós-parto”, completou Gabrielle.
O Curso
O curso atualmente é o único que abrange formação teórico-prática, incluindo seis meses de estágio no Centro Obstétrico e Maternidade do HU-Furg. É ministrado por doulas, enfermeiras, médicas e outras profissionais da saúde, com aulas uma vez por mês, aos sábados, permitindo que trabalhadoras possam comparecer às aulas. A partir do sexto mês, iniciam-se os estágios práticos supervisionados, nos quais as futuras doulas fazem plantões de 12 horas cada, em duplas ou trios, e acolhem as usuárias do SUS que chegam para avaliação, internação ou para o parto e que desejam receber seus cuidados.
Entre as doulas formadas na primeira turma estão mulheres da zona urbana e rural de Rio Grande, Pelotas, Santa Vitória do Palmar e Canguçu, que seguem envolvidas em atividades relacionadas às Unidades Básicas de Saúde de suas comunidades
O município de Rio Grande possui legislação (Lei nº 8286, de 21 de novembro de 2018) que determina a permissão da presença de doula durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto, assim como nas consultas pré-natais, desde que seja solicitada pela gestante.
ASSESSORIA FURG