Entre janeiro e dezembro de 2023, a soma das exportações do Rio Grande do Sul atingiu a marca de US$ 22,3 bilhões. Apesar da queda de 1,3%, correspondente a US$ 293,2 milhões, em relação a 2022, este é o segundo maior valor da série histórica, iniciada em 1997. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (31/1), pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
Mesmo diante da queda nas vendas externas gaúchas, o Rio Grande do Sul manteve-se na sexta posição entre os principais estados exportadores do Brasil, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná. Entre todos os estados, o valor das exportações subiu 1,1% ao longo de 2023, enquanto a participação relativa do Rio Grande do Sul caiu 0,2 pontos percentuais, passando para 6,6% do total dos estados brasileiros.
No balanço do ano, a soja em grão manteve-se como o item mais exportado do Estado, com US$ 4,05 bilhões, seguido pelo fumo não manufaturado (US$ 2,29 bilhões) e farelo de soja (US$ 1,81 bilhão). A lista dos dez produtos mais vendidos inclui ainda carne de frango (US$ 1,45 bilhão), cereais (US$ 1,41 bilhão), celulose (US$ 832,6 milhões), carne suína (US$ 637,4 milhões), partes e acessórios dos veículos automotivos (US$ 625,4 milhões), calçados (US$ 623,4 milhões) e polímeros de etileno, em formas primárias (US$ 519,2 milhões).
Os autores do material estatístico são os pesquisadores Ricardo Leães e Flávia Félix Barbosa, que trabalharam a partir dos dados brutos do Sistema ComexStat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Segundo Leães, dois fatores em conjunto foram decisivos para explicar o desempenho nas vendas do Estado. Como fator expansivo, a recuperação parcial da produção de grãos no Rio Grande do Sul, em razão da ocorrência de uma estiagem menos severa em relação ao ano safra anterior, viabilizou maiores volumes embarcados para o exterior. Depois, atuando como fator restritivo, houve a queda nos preços internacionais das principais commodities agropecuárias.
Os produtos que registraram as maiores altas absolutas nas exportações do Rio Grande do Sul foram soja em grão (mais US$ 747,7 milhões; 22,6%), farelo de soja (mais US$ 328,7 milhões; 22,2%), fumo não manufaturado (mais US$ 299,7 milhões; 15,1%), bombas, centrífugas, compressores de ar, ventiladores, exaustores, aparelhos de filtrar ou depurar e suas partes (mais US$ 236,8 milhões; 906,8%), bovinos e bubalinos vivos (mais US$ 98,7 milhões; 253,7%), partes e acessórios dos veículos automotivos (mais US$ 84,7 milhões; 15,7%) e armas e munições (mais US$ 65,0 milhões; 38,9%).
Por outro lado, os três produtos que mais apresentaram queda nas exportações no período foram celulose (menos US$ 378,4 milhões; -31,2%), óleo de soja (menos US$ 308,9 milhões; -39,8%) e cereais (menos US$ 302,1 milhões; -17,7%).
Principais destinos
Entre janeiro e dezembro de 2023, o Rio Grande do Sul exportou suas mercadorias para 194 destinos. A China manteve-se como o principal deles, ocupando percentual de 24,5% do total de exportações. Em comparação com o mesmo período do ano passado, houve expansão de 14,6% das vendas para o país asiático, representando US$ 694,6 milhões. A lista dos maiores importadores de produtos gaúchos segue com a União Europeia (13,4%), Estados Unidos (9,0%), Argentina (4,9%), Vietnã (3,2%), México (2,9%), Paraguai (2,7%) e Uruguai (2,4%).
Desde 2008, a China é o país mais relevante para as exportações gaúchas e, por essa razão, o estudo aprofunda a relação do país com o Rio Grande do Sul. Para Leães, os chineses tornaram-se os principais compradores do Estado em virtude do modelo de crescimento econômico baseado no avanço industrial e na promoção de exportações. Isso repercutiu em aumento das compras de produtos de origem agropecuária, com destaque para soja em grão, carne suína, celulose e fumo não manufaturado. O cenário se explica, principalmente, pelo crescimento da renda média da população chinesa, cujo padrão de consumo avançou ao longo das últimas décadas.
O estudo aponta que a desaceleração no ritmo de crescimento da economia chinesa nos últimos cinco anos ainda não trouxe resultados adversos ao Rio Grande do Sul devido a dois fatores: as médias ainda altas de crescimento do país em relação a economias desenvolvidas e a escassa oferta global de soja em grão, o que beneficia o Estado. “Outros países do Sudeste Asiático também têm crescido em importância para as exportações gaúchas, movimento explicado pelo crescimento da base industrial, a elevação no nível de renda média e o incremento das importações de commodities agrícolas. Em 2023, o Vietnã apresentou alta de 46,1% nas importações de produtos gaúchos, e Bangladesh, 268,5%”, explicou Leães.
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