O auditório do Centro Integrado de Apoio à Família da Prefeitura recebeu na manhã desta quinta-feira (18/04) cerca de 40 servidores municipais que atuam nos Centros de Referência em Assistência Social (CRAS) do município, no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS), no Centro de Referência em Atendimento às Mulheres (CRAM), unidades de acolhimento infantojuvenil, além de conselheiros tutelares de Rio Grande. O encontro foi uma iniciativa da Coordenadoria Municipal dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades (CODIPD) para levar ao funcionalismo municipal informações detalhadas sobre o autismo.
Segundo a coordenadora da CODIPD, Cibele da Rocha, a atividade foi construída pensando nas dificuldades que as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) encontram ao precisarem de atendimento socioassistencial no Município, assim como nas dificuldades dos próprios profissionais diante do atendimento para a diversidade. “O intuito é oferecer para esses profissionais informações sobre o funcionamento do autismo, as possíveis maneiras de lidar com crises, a identificação de sinais e o acolhimento das famílias afetadas. E através disso oportunizar que eles estejam preparados para entender melhor o autismo e seu amplo espectro, que não apresenta dois casos iguais. É crucial reconhecer que não há um atendimento padrão, mas sim a necessidade de um acolhimento específico para cada pessoa dentro do espectro autista”, elaborou a coordenadora.
Para isso, ao longo de toda a manhã, os profissionais de assistência social de Rio Grande tiverem a oportunidade de acompanhar uma sequência de três explanações sobre o assunto. Elas foram facilitadas, respectivamente, pelo diretor da Escola Municipal de Educação Especial – EMEE Maria Lúcia Luzzardi, Guilherme Botelho, e pela coordenadora pedagógica da escola, Cátia Maurell, pela presidente da Associação TEA’AMO, Fátima da Rocha e pelo advogado Cristiano Almeida, que assessoria juridicamente a associação e explicou quais são os direitos das pessoas com autismo nas áreas da saúde, educação e benefícios sociais. O público presente no auditório ouviu com atenção as informações compartilhadas e aproveitou para sanar dúvidas junto aos facilitadores.
Com 27 anos de atuação no Município, a EMEE Maria Lúcia Luzzardi - que atualmente atende 151 alunos com TEA – apresentou um panorama geral dos seus processos e suportes utilizados pela escola no atendimento realizado pela instituição. Dentre eles estão a utilização do “ensino estruturado” como apoio pedagógico. Esse ensino consiste num sistema dinâmico que organiza o ambiente, desenvolvendo atividades e tarefas apropriadas ao nível de desenvolvimento e necessidade da pessoa, potencializando o aprendizado de novas habilidades e ao mesmo tempo aumentando a autoestima, reduzindo assim problemas de comportamento que resultam da confusão, ansiedade e excesso de estimulação.
O diretor da escola explica que entre as vantagens do uso desse sistema estão o fato de que “seus objetivos são focados no indivíduo e além disso possibilitam a administração da rotina com previsibilidade e flexibilidade por meio de recursos visuais”. A administração da rotina está as possíveis dificuldades enfrentadas por pessoas que tem TEA. Guilherme explica que embora estes processos sejam específicos do atendimento educacional realizado pela EMEE, a escola coloca-se à disposição dos órgãos municipais de assistência social para colaborar na criação de rotinas estruturadas e planilhas próprias, e pranchas de comunicação alternativa, a fim de auxiliar para a acessibilidade, eficácia e acolhimento no atendimento oferecido.
Transtorno do Espectro Autista - TEA
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do desenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Pessoas com TEA podem apresentar dificuldades de comunicação, padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos. O TEA é uma condição neurobiológica e sua causa ainda não é completamente compreendida.
O diagnóstico para o TEA é clínico e envolve avaliação com uma equipe multiprofissional. Mesmo com o novo sistema de classificação existente, os desafios para a avaliação e diagnóstico do TEA persistem e são relacionados à sua complexidade na expressão de comportamentos. Entre os tratamentos para pessoas com autismo estão as possibilidades de Terapia Cognitivo Comportamental, treino de habilidades sociais, psicoeducação e, se necessário, farmacoterapia.
Algumas pessoas com TEA podem ter sensibilidade a informações sensoriais, como música alta, luzes ofuscantes, conversa paralela, ou mais cheiros distintos, toques, entre outros. Esse não é um sintoma presente em todos os casos, mas, quando presente, pode elevar o estresse e desencadear crises.
Os três níveis de suporte do Espectro Autista, de acordo com o menor ou maior prejuízo da comunicação social e comportamentos restritivos e repetitivos, são definidos da seguinte forma:
Nível 1: A pessoa apresenta dificuldades de comunicação e padrões de comportamento restritos e repetitivos, mas com pouca necessidade apoio no dia a dia.
Nível 2: A pessoa apresenta dificuldades significativas de comunicação e padrões de comportamento restritos e repetitivos, podendo ter maior dificuldade na interação social e necessita de apoio para desenvolver as habilidades sociais.
Nível 3: A pessoa apresenta dificuldades significativas de comunicação e padrões de comportamento restritos e repetitivos muito intensos, apresentando maior rigidez de pensamento , necessitando de apoio substancial para realizar tarefas do dia a dia.
Cada nível reflete as diferentes necessidades de suporte das pessoas no espectro autista, levando em consideração a extensão dos desafios enfrentados nas áreas de comunicação social e comportamentos repetitivos e restritivos.
ASSESSORIA -- PMRG