Aconteceu na manhã desta quarta-feira, 27, a abertura oficial da 23ª edição da Mostra da Produção Universitária (MPU). Este que é um dos mais tradicionais eventos da FURG aborda neste ano a temática da extensão, trazendo como lema “Educar para Adiar o Fim do Mundo”, conceito baseado nas ideias do intelectual brasileiro e liderança indígena, Ailton Krenak. Na oportunidade, a professora homenageada, Jaqueline Durigon, palestrou sobre o seu trabalho extensionista junto à agricultores tradicionais de São Lourenço do Sul na popularização das plantas alimentícias não convencionais (Panc Pop). Em seguida, encerrando a ação, foi realizada uma conversa com o líder indígena e professor da Universidade de Brasília (UnB), Gersem Baniwa, sobre o tema central da Mostra.
Compuseram a mesa de honra da abertura o reitor Danilo Giroldo; o pró-reitor de Extensão e Cultura, Daniel Prado; a pró-reitora de Graduação, Sibele Martins; o pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Eduardo Secchi; o diretor do Parque Científico e Tecnológico da FURG e representante da Pró-reitoria de Inovação e Tecnologia da Informação (Proiti), Artur Gibbon; o coordenador geral da Comissão Organizadora da 23ª MPU, Otávio Corrêa; e a estudante indígena do curso de Direito, representante da comunidade estudantil da Universidade, Cleomara Nascimento Rodrigues.
Em sua fala, o reitor aproveitou para fazer uma breve contextualização histórica sobre a MPU, que, em sua visão, vem se superando e se aprimorando enquanto um dos eventos mais tradicionais da Universidade. “Em 2023, a MPU é composta por nove eventos que acontecem de forma simultânea, além do Seja FURG, que abre a nossa instituição para receber estudantes de todo território”, detalhou o gestor.
Giroldo aproveitou o espaço também para conversar com os presentes sobre a escolha do lema da edição, ao qual atribui o importante papel de provocar a reflexão crítica acerca da relação que estamos mantendo enquanto espécie em relação ao meio ambiente e, em especial, os impactos causados pelo modelo produtivo vigente que explora os recursos naturais à exaustão, deixando marcas irreversíveis no planeta.
“Além de divulgar a obra de Ailton Krenak, e o tanto que ele tem para nos ensinar a partir de suas vivências; ‘Educar para Adiar o Fim do Mundo’ é uma frase que quer nos propor a reflexão. Este é mais um dos inúmeros alertas que nos faz pensar no quanto devemos refletir sobre o contexto em que vivemos; sobre o quanto precisamos trabalhar a vida e a existência de toda diversidade humana, no momento em que se agravam os contextos climáticos e ambientais. Nada melhor do que uma reflexão como essa dentro do evento mais importante da nossa Universidade para pensarmos sobre o quanto já perdemos, com a extinção de culturas, com elementos da cultura tradicional, com elementos da biodiversidade, e com isso, o que é necessário para que a gente se preocupe em parar de perder?”, concluiu o reitor.
Em sua fala, o pró-reitor de Extensão e Cultura, Daniel Prado, comentou sobre a beleza e a complexidade de organizar um evento do tamanho da MPU, e por consequência, com impactos tão significativos para o contexto universitário. “A mostra é a tentativa bem sucedida de juntar um pouquinho de tudo de bacana que a gente faz no nosso dia a dia. E espaços como este são importantes para reforçar a extrema relevância do fazer universitário para o desenvolvimento da nossa sociedade, pois ainda passamos por um momento extremamente delicado em nosso país; de destruição do conceito de universidade pública, gratuita e de qualidade”, afirmou o professor.
Para o coordenador da edição, Otávio Corrêa, o sucesso da MPU se deve ao espírito de união que perpassa a equipe organizadora. “A MPU é feita de forma colaborativa; as pessoas estão dispostas a deixar de lado suas próprias tarefas para ajudar um colega a superar os seus desafios, e é esse espírito de união que nos permite realizar o melhor evento possível, mesmo diante das limitações impostas pela nossa realidade material”, disse o servidor.
“Aqui, cada esforço individual se soma em prol de um objetivo comum: fazer da MPU o melhor evento possível. A Universidade é um organismo vivo, em que cada um cumpre um papel fundamental, e o nosso trabalho é o sangue que corre em suas veias. Esse trabalho de excelência tão presente em nossas universidades federais é o que sustenta a esmagadora produção científica nacional e forma profissionais indispensáveis para o desenvolvimento do Brasil”, finalizou Otávio.
Agricultores no palco: panc pop e extensão
A homenageada da 23ª MPU, Jaqueline Durigon, é graduada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Botânica. Na FURG, além de praticar a docência, atuou a frente de uma série de ações voltadas para a preservação dos espaços tradicionais, e, em especial, é reconhecida por coordenar o projeto de extensão “Panc Pop: Popularizando o Uso de Plantas Alimentícias Não Convencionais”, que há 8 anos promove cursos, palestras e eventos sobre a temática.
Durante a abertura, Jaqueline recebeu do reitor a placa de homenagem pelos serviços prestados à Universidade e à comunidade. Em seguida, a professora realizou uma fala sobre suas atividades extensionistas com agricultores familiares e camponeses. “Além da formalidade, essa homenagem toca uma série de pessoas, especialmente da comunidade que nos acompanha. Ela significa que a multicampia importa, e que nestes espaços se desenvolve ensino, pesquisa e extensão estratégicas para a FURG”, comentou.
Ainda segundo Jaqueline, a extensão universitária contempla elementos sociais de extrema valia que impactam as vidas das pessoas com as quais estes trabalhos são desenvolvidos, como o afeto, o compromisso, a escuta e a partilha. “O processo extensionista não é da FURG ou da coordenadora, é da comunidade. A importância de cada sujeito extensionista, sua sensibilidade, seus saberes únicos, é o que torna a extensão um processo único e muito rico de saberes e troca”, complementou a professora.
Agricultores que integram a equipe do projeto Panc Pop e agricultores que integram o projeto e-COO acompanharam toda cerimônia de abertura, e, ao final da fala da professora foram convidados para subir ao palco para trocar experiências com o público presente. Na ocasião, os produtores apresentaram uma série de insumos do campo como sementes, frutos, folhas e vegetais, todos cultivados pelas mãos que ali se faziam presentes.
“Eu quero dizer para vocês que é muito orgulho, muito mesmo, que os produtores sejam pessoas. Cada vez a gente fica mais contente. Pena ser tão tarde para mim, porque se eu tivesse tido essa experiência lá no início, seria muito bom, pois eu iria passando adiante para os demais. Mas nós vamos passar adiante o que é a FURG. Cuidem bem da FURG, é só cuidar. Eu agradeço muito à Universidade”, contribuiu emocionada a agricultora Dona Juju, que integra o projeto e-COO.
Sobre a 23ª edição
A MPU é o maior evento institucional da FURG, e é fruto do trabalho de diversos professores, técnicos e estudantes da Universidade, por meio da organização realizada por uma comissão permanente, composta pelas pró-reitorias de Extensão e Cultura (Proexc), de Graduação (Prograd), de Pesquisa e Pós-graduação (Propesp), de Inovação e Tecnologia da Informação (Proiti) e pela Secretaria de Comunicação (Secom), em parceria com as pró-reitorias de Assuntos Estudantis (Prae), de Infraestrutura (Proinfra) e de Administração e Planejamento (Proplad), além do apoio e suporte das Unidades Acadêmicas e Órgãos Vinculados.
Desde 2005, a mostra destaca, em rodízio, as áreas de ensino, visando homenagear o trabalho de professoras, professores, técnicos e técnicas administrativos reconhecidos pela dedicação às suas atividades. Nesta edição, a MPU destaca atividades extensionistas por meio do tema “Por Uma Educação Ambiental que Valoriza a Vida em Tempos de Crise Climática Global”; ao longo dos três dias de MPU serão apresentados mais de 1.500 trabalhos acadêmicos contemplando eixos de interesse como a própria extensão, cultura, ensino, pesquisa e inovação tecnológica. Além disso, a programação também contempla a oferta de 27 oficinas de diferentes áreas do conhecimento, com aproximadamente 1.000 estudantes inscritos na modalidade de ouvintes, mais de 400 mediadores e diversos estudantes voluntários.
ASSESSORIA FURG