Trata-se se um sofisticado mecanismo de defesa desenvolvido pela raiz de plantas
Um sofisticado mecanismo de defesa desenvolvido pela raiz de plantas foi a recente descoberta de um grupo de cientistas dos Estados Unidos, da Holanda e do Brasil, com a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Meio Ambiente.
Entender o funcionamento dessa estrutura pode contribuir, no futuro, para o controle de doenças e pragas agrícolas, e reduzir o uso de produtos químicos, tornando a agricultura mais sustentável.
Em 2011, a equipe de pesquisadores já havia descrito o modo como as plantas controlam o recrutamento de bactérias no solo mais próximo das raízes e as usam para se proteger de doenças.
Agora, a pesquisa mostrou que, quando atacadas por patógenos, organismos capazes de causar doenças, as raízes das plantas conseguem interagir com fungos e bactérias do solo para se proteger em uma escala muito mais complexa e ampla do que já era conhecida pela ciência.
O pesquisador brasileiro, chefe adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente, Rodrigo Mendes, explicou que, caso um fungo vença as duas primeiras barreiras que são impostas pelo solo e pelo tecido da planta, uma terceira barreira é acionada, a planta consegue recrutar microorganismos específicos dentro do tecido da raiz, e é capaz de fazer com que eles produzam substâncias que impeçam o ataque do fungo.
"Então, existe um arsenal de moléculas produzidas dentro das raízes das plantas pelos microorganismos que impedem que o fungo se estabeleça e cause doença na planta hospedeira”, disse.
Um artigo sobre o resultado inédito da pesquisa foi publicado na revista norte-americana Science, uma das publicações acadêmicas mais prestigiadas do mundo, descrevendo como a flora microbiana que vive dentro das raízes defende naturalmente as plantas contra a invasão de organismos causadores de doenças.
Benefícios da pesquisa
Rodrigo Mendes contou que a pesquisa segue em andamento para avançar em estratégias que possam ser aplicadas na agricultura para torná-la mais sustentável com o uso de menos agrotóxicos.
“O entendimento da condição do solo, que permite com que a planta se proteja naturalmente, permite a gente desenvolver estratégias de manejo que favoreça a defesa natural da planta e não precise ou diminua a necessidade de utilizar moléculas químicas no campo. Despertar esse mecanismo na planta faz a gente não ter que usar outras estratégias”, explicou.
No experimento foram analisadas mudas de beterraba cultivadas. Segundo Mendes, a descoberta expande o potencial para investigar esse mecanismo em demais culturas.
Acessoria de Comunicação/Ministério da Agricultura e Pecuária - Governo Federal