0,44%. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), 0,44% dos professores do ensino superior possuem algum tipo de deficiência. Sendo assim, apenas 21 universidades do país – com mais de 500 professores - possuem até 1% de seu quadro docente composto por professores PCD (sigla que se refere à Pessoa com Deficiência). Na primeira semana de dezembro, o portal Quero Bolsa publicou um estudo organizando essas informações, produzindo dessa forma um ranking com essas instituições. Nessa lista, a FURG ocupa a 16ª posição, com 11 docentes (1,12% de seu quadro geral).
Produzidos em 2018, os dados fazem parte do Censo da Educação Superior, disponibilizados pelo MEC. De acordo com as informações, o Brasil contabiliza cerca de 1.730 professores com algum tipo de deficiência, número este que representa a porcentagem de 0,44%. A lista organizada conta com 12 universidades públicas e nove privadas.
“Esse número é ainda muito pequeno diante do nosso contexto enquanto quadro docente e, também, em relação ao número de pessoas com alguma deficiência que procuram oportunidades no mercado de trabalho. Mas, mesmo sendo um número ainda reduzido, é importante saber que estamos no rumo certo para promover a integração dessas pessoas, pensando cada vez mais em um projeto de universidade mais inclusivo, tanto para os servidores quanto para a comunidade”, apontou a reitora Cleuza Maria Sobral Dias.
Na FURG, na prática
João Alberto da Silva tem 40 anos e leciona no curso de Licenciatura em Pedagogia e no Programa de Pós-graduação em Educação em Ciências da FURG. Parte do quadro docente da universidade há dez anos, João tem visão monocular e deficiência visual grave. “Isso significa que sou cego total de um olho e no outro tenho baixíssima visão, carecendo de correção para ter acuidade visual mínima”, complementa.
O docente afirma que por mais que esteja junto à FURG há mais tempo, apenas foi enquadrado como PCD a partir de 2016. “A Progep tem um setor de assistência em saúde que realiza essa avaliação com junta médica e enquadra o servidor”, conta o professor.
Quanto às oportunidades escassas, João entende a ideia como equivocada, o que, eventualmente, acaba prejudicando o debate acerca da acessibilidade, uma vez que o problema consiste na permanência e adaptação. “De fato, as instituições precisam ter cotas para PCD em nível específico. No caso da FURG há editais específicos para técnicos e docentes com deficiência, os quais sobram vagas. Não se trata de falta de oportunidade para entrada, mas de permanência e adaptação”, afirma o docente.
De acordo com João, são perceptíveis os esforços da FURG em estabelecer uma melhor acessibilidade para os estudantes, inclusive no que ele categoriza como uma “ótima política de inclusão”. No entanto, a mesma política ainda está em construção no que tange aos servidores da instituição. “Entendo que há um pioneirismo dos atuais servidores com deficiência para a construção dessas políticas. Temos uma universidade com 50 anos, mas que apenas recentemente passa a discutir inclusão, então há um caminho a trilhar”, coloca o docente.
João não precisa de adaptação na sala de aula, o que lhe garante autonomia em seu exercício. Entretanto, sua necessidade consiste no tempo de cumprimento da atividade. Em seu caso, o professor tem uma redução de 50% no cumprimento da carga horário e impedimento de trabalho noturno “e há certa dificuldade de compreensão do que isso significa”, coloca e completa. “Não temos a cultura de pensar que isso é uma adaptação para garantir o bem-estar e a saúde do servidor, mas de compreender que as adaptações são algum tipo de problema ou empecilho para o exercício da atividade laboral”.
Sendo assim, é importante perceber – dentro e fora do contexto acadêmico – que o fato de a FURG figurar entre as universidades de maior inclusão para professores PCD indica que a instituição está cada vez mais perto de se estabelecer como um centro de excelência inclusivo e acessível. E, com isso em mente, João finaliza: “Seguimos construindo formas de ser e estar na FURG que sejam mais inclusivas e que compreendam a diversidade de aptidões físicas como possiblidades de convívio com a diferença”.
Confira a seguir a lista com as 21 instituições elencadas pelo estudo em termos de inclusão de professores com deficiência no país.
Universidades
|
UF
|
Professores c/ deficiência
|
% do total
|
Universidade Federal do Pará (UFPA)
|
PA
|
85
|
3,11%
|
Universidade Estadual de Londrina (UEL)
|
PR
|
52
|
2,92%
|
Universidade Estadual do Piauí (UESPI)
|
PI
|
28
|
2,28%
|
Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoec)
|
SC
|
19
|
2,18%
|
Universidade do Estado do Amazonas (UEA)
|
AM
|
18
|
1,74%
|
Universidade Tiradentes (Unit)**
|
SE
|
15
|
1,71%
|
Universidade de Passo Fundo (UPF)
|
RS
|
15
|
1,59%
|
Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso)**
|
RJ
|
8
|
1,58%
|
Universidade Federal Fluminense (UFF) RJ
|
RJ
|
49
|
1,38%
|
Instituto Federal Catarinense (IF Catarinense)
|
SC
|
9
|
1,34%
|
Universidade do Oeste Paulista (Unoeste)**
|
SP
|
9
|
1,30%
|
Centro Universitário Anhanguera de São Paulo**
|
SP
|
7
|
1,24%
|
Universidade de Caxias do Sul (UCS)**
|
RS
|
12
|
1,23%
|
Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT)
|
TO
|
14
|
1,16%
|
Universidade de Cuiabá (Unic)**
|
MT
|
8
|
1,14%
|
Universidade Federal Do Rio Grande (Furg)
|
RS
|
11
|
1,12%
|
Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
|
SP
|
16
|
1,09%
|
Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC)
|
SC
|
10
|
1,08%
|
Universidade de Fortaleza (Unifor)**
|
CE
|
13
|
1,08%
|
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC)**
|
SP
|
15
|
1,06%
|
Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc)**
|
RS
|
6
|
1,05%
Assessoria de Comunicação /FURG
|