O prefeito municipal, Alexandre Lindenmeyer, reuniu representantes da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Rio Grande (CDL) e do Comitê Municipal de Prevenção e Cuidado ao Coronavírus em uma videoconferência realizada na manhã desta sexta-feira (27). Os impactos que a transmissão comunitária do vírus pode ter, em proporções ainda maiores que as atuais, nortearam o debate que teve a participação do secretário de Município da Saúde, Maicon Lemos, e do setor técnico do Hospital Universitário (HU) e da Santa Casa, representados por especialistas na área da infectologia.
Na sua manifestação, o prefeito Alexandre Lindenmeyer salientou preocupação com o avanço do Coronavírus no estado, em especial, na cidade do Rio Grande, que já possui casos confirmados. “Todos os especialistas que consultamos reafirmam o entendimento de que o isolamento social é a melhor solução para contermos essa pandemia e a contaminação em massa. Nossa maior preocupação é com a vida das pessoas”, ressaltou o gestor municipal. Além dos esforços locais, que possuem o apoio das mais variadas instituições do município, o prefeito salientou a importância das propostas de auxílio emergencial e de renda mínima para proteger os trabalhadores e trabalhadoras neste contexto de pandemia, que tramita em Brasilia.
Igor Klinger, presidente da CDL, falou na sequência. Disse que nenhum tipo de manifestação realizada na cidade e que peça a abertura imediata do comércio possui relação com a Câmara de Dirigentes Lojistas. Para ele, o momento exige união e bom senso para a tomada de decisões. “Estamos aqui para ouvir vocês. O objetivo é que possamos construir juntos uma alternativa, com parecer técnico e bom senso de todos os lados”, comentou.
O secretário Maicon Lemos, que também é presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS-SUL), citou países como a Itália e os Estados Unidos, atualmente, considerado o epicentro da pandemia. Países desenvolvidos, que não deram prioridade ao isolamento social e hoje enfrentam crises sem precedentes em seus sistemas de saúde por conta da alta transmissibilidade do vírus. “Sem nenhum exagero, reafirmamos: todo cuidado preventivo é necessário neste momento. Enquanto Comitê, com o apoio da ciência e de especialistas de todo país, reforçamos o entendimento de que somente o isolamento social será capaz de barrar o vírus. Entendemos toda a preocupação com a área econômica, mas o que vale é a vida das pessoas”, salientou.
Representando o Hospital Universitário na videoconferência, as doutoras Sandra Brandão e Márcia de Lima Rodrigues, especialistas da área de infectologia, ampliaram a discussão técnica sobre a transmissibilidade do Coronavírus. “Nos sentimos muitos seguras no nosso posicionamento, enquanto profissionais da área da saúde e integrantes deste Comitê, de defesa da continuidade do isolamento social. Esse é o único fator que tem demonstrado eficácia e contribuído com o achatamento da curva de transmissão em todos os países”, alertou a doutora Sandra Brandão, no início da sua fala. Segundo ela, trata-se “de uma decisão muito difícil, que impacta todos (inclusive a área da saúde), mas a única que efetivamente pode dar certo” neste contexto de pandemia e transmissão comunitária do vírus.
A doutora Márcia Rodrigues reiterou as palavras de sua colega e reafirmou a preocupação com a transmissão comunitária do vírus em Rio Grande. Citou o caso da Espanha, que após deliberar pelo isolamento social, voltou atrás, e hoje sofre com as consequências. Segundo a doutora, a transmissibilidade do coronavírus é muito maior que a de uma síndrome gripal ou a do H1N1, já que a taxa de internação pode chegar a 20%. “Não temos sistema de saúde para atender a todos, se adoecerem ao mesmo tempo”, argumentou ao reforçar a necessidade de manutenção das medidas preventivas, em especial, o isolamento social.
O doutor Evandro Oss representou a Santa Casa do Rio Grande na reunião e endossou as falas dos colegas de Comitê. “O combate ao Coronavírus é uma guerra diária. O vírus está entre nós, não temos a menor dúvida disso”, disse. Sobre os pedidos de abertura imediata do comércio, argumentou “que o momento não permite que decisões precipitadas sejam tomadas” e que, para isso, somente pessoas com conhecimento e embasamento científico podem auxiliar às autoridades para algum tipo de deliberação.
Oss também defendeu o isolamento social como medida necessária para a contenção do vírus. O doutor considerou “simplista” os comentários que atestam aos chamados grupo de risco, como idosos e portadores de comorbidade, o único público que pode ser afetado pelo Coronavírus e propôs a seguinte reflexão: “Se lotarmos as nossas UTI’s com esse perfil de pacientes como fica o atendimento aos adultos, crianças e jovens que possuem outras patologias?”, questionou.
Carlos Zanetti, Renato Silveira e Renato Lima, representantes do empresariado local, também se manifestaram. Reafirmaram que manifestações que pedem a abertura do comércio não possuem relação com suas entidades e que esperam uma solução segura para a retomada das atividades comerciais. Uma nova reunião, via videoconferência, ocorrerá na próxima segunda-feira (30). Na oportunidade, o Comitê Municipal de Prevenção e Cuidado ao Coronavírus apresentará um panorama atualizado sobre a transmissibilidade do vírus em Rio Grande que possibilitará a avaliação de diferentes cenários para tomada de novas decisões.
Assessoria de Comunicação / PMRG