Os principais indicadores de comportamento econômico-fiscal do Rio Grande do Sul mostram uma tendência de estabilização nos níveis de perdas em virtude da pandemia de coronavírus, sempre comparados a períodos equivalentes de 2019.
A retração na última semana de análise, que engloba de 18 a 24 de abril, em média, seguiu os níveis verificados nas últimas duas semanas, com leve recuperação. As informações constam na quinta edição do Boletim Semanal da Receita Estadual sobre os impactos da Covid-19 nas movimentações econômicas dos contribuintes de ICMS, disponível no site da Secretaria da Fazenda e no Receita Dados (portal de transparência da Receita Estadual).
“A emissão de Notas Eletrônicas, por exemplo, registrou queda de 9% na semana passada, sendo que nas duas semanas anteriores a diminuição havia sido de 11% e 13%, respectivamente”, informa Ricardo Neves Pereira, subsecretário da Receita Estadual.
No acumulado do período analisado pelo Boletim, ou seja, entre 16 de março (primeiras medidas de quarentena no RS) e a última sexta-feira (24/4), a redução é de 13%, representando uma diminuição do valor médio diário emitido de R$ 2,07 bilhões no período equivalente em 2019 para R$ 1,80 bilhão em 2020. Isso significa que cerca de R$ 270 milhões deixaram de ser movimentados, em operações registradas nas notas eletrônicas, a cada dia.
Os indicadores de desempenho acumulado nas vendas no varejo de curto prazo (14 dias) e médio (28 dias) também corroboram a visão de retomada gradual da atividade econômica, com quedas de 24% e 26% frente a períodos equivalentes de 2019, respectivamente. O mesmo comportamento é verificado na avaliação por região, conforme os 28 Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Corede), cujas perdas seguem demonstrando forte correlação com o nível de participação na produção industrial gaúcha.
Além disso, o volume de vendas dos combustíveis indicou quedas mais amenas. No acumulado do período, o etanol segue sendo o mais impactado (-61%), seguido pela gasolina comum (-32%) e pelo óleo diesel S-500 (-24%). O óleo diesel S-10 mostra-se estável. Somando os quatro combustíveis, a redução média é de 25%.
Em relação aos setores de atividades, o varejo segue sendo o mais afetado, com redução de 19% nas vendas desde o início da crise. A indústria, por sua vez, tem queda de 16%. O atacado, que obteve o melhor desempenho na última semana, caiu 2% no acumulado do período.
Quanto aos setores industriais, são verificadas expressivas variações positivas nas áreas da alimentação (arroz, aves e ovos, bovinos, leite, suínos e trigo). O destaque da última semana ficou por conta da indústria de bovinos (abate e industrialização) que pela primeira vez na série apresentou resultado positivo de dois dígitos (+19%). Por outro lado, as indústrias de produtos de limpeza, também de forma inédita, tiveram forte redução relativa nas vendas comparadas ao ano anterior, de -17%.
“Os resultados negativos mais expressivos da semana foram observados, novamente, nas indústrias de veículos, com -77%, e coureiro-calçadista, com -63%. Além disso, entre os setores que apresentam perdas relativas, como os de insumos, de bens de capital e os de bens de consumo duráveis e semiduráveis, a média das reduções estabilizou-se no patamar de 35%”, avalia Ricardo Neves.
Emissão de Notas Eletrônicas durante a Semana Santa
Uma novidade trazida na quinta edição do Boletim é a comparação das vendas no varejo no período da Páscoa. Analisando a emissão de notas eletrônicas durante a Semana Santa de 2019 e de 2020, houve queda de 29% no valor emitido, que passou de R$ 3,5 bilhões em 2019 para R$ 2,5 bilhões neste ano.
Vendas no varejo por Corede
O número de Coredes que se enquadra em cada faixa de perdas de médio prazo confirma a tendência de estabilização e recuperação das perdas. Além disso, de forma geral, o perfil das perdas de curto e médio prazos ainda demonstra forte correlação com o nível de participação dos Coredes na produção industrial do Rio Grande do Sul.
Os Coredes Metropolitano Delta do Jacuí, Vale do Rio dos Sinos, Sul, Produção e Serra, que respondem por 70% da produção industrial, se encontram no topo do ranking das maiores perdas, ao lado do Corede Hortênsias, cujo fraco desempenho está associado a outro fator, que é o impacto da Covid-19 sobre a atividade turística.
Vendas a varejo por categoria
No acumulado, o impacto da Covid-19 é positivo para as vendas a consumidor final de medicamentos e materiais hospitalares (+7%) e produtos de higiene e alimentos (+3%). Para os demais, entretanto, a queda continua brusca, totalizando redução de 44% no período. Somando as três categorias, a redução média é de 23%.
No Top 10 das mercadorias com maiores variações positivas do valor das vendas, ganham destaque produtos do setor de alimentos (como cereais, óleos, leite, carnes, frutas, hortícolas e peixes), da indústria química (como sabão para lavar roupa e álcool gel) e do setor farmacêutico.
As maiores variações negativas do valor das vendas constam itens relacionados a vestuário, com as maiores quedas percentuais (na ordem de 70% a 80%), e veículos, com as maiores quedas em valores. Também aparecem máquinas e aparelhos elétricos, móveis, calçados e bebidas alcoólicas.
Preços dos combustíveis
Em relação ao preço médio, os quatro combustíveis analisados têm apresentado movimento de queda no período recente, reflexo da atual conjuntura internacional acerca do petróleo. A gasolina comum, por exemplo, chegou a atingir R$ 4,79 no final de janeiro, estava em R$ 4,62 no dia 16/3 e passou ao patamar de R$ 3,95 no dia 24/4, última data de análise da última edição do Boletim.
Secom / GOV RS