Nesta segunda-feira (25/5) começa a implantação de uma oficina de costura no Presídio de Santa Cruz do Sul. Antes disso, na quinta-feira passada (21/5), as apenadas conheceram o trabalho de detentas do Presídio Feminino de Lajeado, que produzem máscaras de proteção facial para auxiliar no enfrentamento da Covid-19. As atividades foram viabilizadas por meio da aquisição de maquinários pela Secretaria da Administração Penitenciária (Seapen) e pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). No total, cerca de 200 presos de várias regiões do Estado confeccionam os equipamentos. A cada três dias de trabalho, recebem remição de um dia na pena.
De acordo com a chefe do Trabalho Prisional da Seapen e da Susepe, Elisandra Minozzo, desde o início da pandemia, o sistema prisional gaúcho tem viabilizado a implantação de oficinas para produção de máscaras, sempre considerando a preocupação em atender às normas de segurança da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Apenadas de Lajeado foram pioneiras na produção de máscaras e se toraram referência. Na oficina de costura instalada na unidade prisional, sete mulheres confeccionam cerca de mil máscaras por semana, produção que deve dobrar. “Esse resultado era obtido com uma linha da produção que contava com três máquinas de costura, mas recebemos mais três máquinas da Seapen e da Susepe, então conseguiremos duplicar a quantidade produzida”, destacou a delegada Penitenciária da 8ª Região, Samantha Longo.
Quatro apenadas de Santa Cruz do Sul receberam as orientações em Lajeado. Os materiais produzidos nas duas casas prisionais são destinados a servidores da Seapen e da Susepe, além de servidores da segurança da região, como da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros e do Instituto-Geral de Perícias. Máscaras produzidas em Lajeado já foram entregues para essas instituições, e a produção continuará. “Essa ação foi emocionante, pois demonstra união entre as apenadas para uma ação conjunta frente à necessidade de manter, de forma efetiva e constante, a produção dos equipamentos de proteção”, acrescentou Samantha.
Para o titular da Seapen, Cesar Faccioli, esse encontro comprova um esforço coletivo da secretaria e da Susepe para que a prática de inclusão social ocorra por meio da aprendizagem e da troca de conhecimento. “A produção de máscaras atende a nossa demanda interna e também contribui para outras instituições da segurança, mostrando a importância social da mão de obra prisional usada neste contexto de pandemia. Além de contribuir com a sociedade, também traz uma perspectiva de vida e futuro para as pessoas privadas de liberdade", ressaltou Faccioli.
A diretora do Presídio Feminino de Lajeado, Rita de Cássia Donini, e o diretor do Presídio de Santa Cruz do Sul, Gustavo Barcelos, participaram da atividade, juntamente com as chefias do setor de Atividade de Segurança e Disciplina.
Unidades de Porto Alegre e Região Metropolitana
Em quatro casas prisionais ligadas à 10ª Delegacia Penitenciária Regional (DPR), que abrange capital e Região Metropolitana, 32 pessoas presas produzem mais de mil máscaras por dia, a fim de fornecer equipamentos de proteção para apenados, servidores e trabalhadores de hospital, além da comunidade em geral.
A utilização de mão de obra prisional é uma prática de inclusão social por meio da aprendizagem desenvolvida na Penitenciária Estadual Feminina Madre Pelletier (PEFMP), na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba (PEFG), no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre (IPFPA) e na Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa).
“Diante desta pandemia que assola o mundo, o trabalho das apenadas é louvável, pois contribuem com a comunidade que elas e suas famílias pertencem e, consequentemente, contribuem para a vitória nesta batalha, pois precisamos de bastante proteção”, disse o titular da 10ª DPR, Alexsandro Grall.
Na Penitenciária Madre Pelletier, em Porto Alegre, oito presas produzem 120 máscaras de proteção por dia nas quatro máquinas doadas pelo Conselho da Comunidade de Porto Alegre. Parte das peças é destinada para uso dos funcionários do Hospital Divina Providência, que fornece os insumos para a produção, e outra parte é disponibilizada para servidores penitenciários da 10ª DPR.
“Além de atender à demanda interna dos estabelecimentos prisionais, a iniciativa vem formando muitas parcerias com instituições de saúde, religiosas, conselhos da comunidade e instituições de caráter social, como o Rotary, em Guaíba”, frisou Elisandra.
Uma sala de oficina de costura viabilizará trabalho para três apenados da Penitenciária Estadual de Porto Alegre, que já estão em treinamento. Eles usarão três máquinas para produção de máscaras para servidores das casas prisionais da 10ª DPR. Os materiais serão disponibilizados pela Seapen e pela Susepe.
Na Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba, 15 apenadas trabalham nas nove máquinas doadas por diferentes instituições: Igreja Universal, Conselho da Comunidade de Guaíba e Rotary Farrapos de Guaíba. A produção já atingiu a marca de 700 peças por dia, e o destino delas é o abastecimento dos presídios da 10ª DPR. No início da pandemia, a produção foi destinada ao Rotary de Guaíba, que distribuía nas comunidades carentes do município, sendo que 700 crianças da comunidade também foram contempladas em uma produção extra.
Para a coordenadora técnica da 10ª DPR, a assistente social Silvana Porciuncula, o projeto lançou um olhar social ao aproximar as apenadas desta realidade em tempos de pandemia. “Elas se transformaram em protagonistas colaboradoras através de seus conhecimentos em costura, estimulando solidariedade ao oportunizar que elas ajudem a comunidade à qual suas famílias e elas fazem parte”, disse.
Além disso, elas revertem habilidades em forma eficaz de precaução à contaminação, diminuindo os riscos para si e servidores do sistema prisional, da Saúde e de outras comunidades.
Sete apenadas do regime semiaberto costuram na sala de oficina do Instituto Penal Feminino de Porto Alegre. A produção diária é de 140 unidades de máscaras. Três máquinas foram doadas pelo Hospital Divina Providência, além de outras duas disponibilizadas por servidora da Seapen e da Susepe e outra, pela Sociedade Bíblica do Brasil. As peças confeccionadas se destinam ao hospital, que também fornece os insumos para a produção. A parceria entre a instituição e o hospital destinará 20% da produção para uso dos próprios servidores e apenadas.
Hospital recebe máscaras de proteção infantil
O titular da 3ª Delegacia Penitenciária Regional, Ederson Pires Dornelles, repassou 300 máscaras infantis para o setor de Pediatria do Hospital Santo Ângelo, no município de mesmo nome, no dia 15 de maio. A entrega foi feita à gerente de enfermagem, Maristane Almeida, e ao assessor de direção do hospital, Fermino Zucoloto Batista. Apenados do Presídio Estadual de Santa Rosa e do Presídio Estadual de Cruz Alta confeccionaram as máscaras para o enfrentamento da Covid-19.
A Seapen e a Susepe seguem a Resolução 356, de 23 de março, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que dispõe, de forma extraordinária e temporária, sobre os requisitos para a fabricação das peças, que são confeccionadas em tecidos TNT duplo. Elisandra Minozzo afirmou que a utilização da mão de obra prisional vem auxiliando na contenção da Covid-19. “Este projeto, além de oportunizar a profissionalização dos apenados, representa economia para o Estado e ainda promoverá a proteção da sociedade”, salientou.