Com recuos em todas as principais atividades, a economia do Rio Grande do Sul registrou queda de 3,3% no primeiro trimestre de 2020, reflexo direto da mais severa estiagem dos últimos anos e dos primeiros reflexos da pandemia do novo coronavírus. O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) foi puxado pelo desempenho negativo da Agropecuária, que caiu 14,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, seguido da Indústria (-4,6%) e dos Serviços (-1,2%). No país, a queda entre janeiro e março foi de 0,3%.
Os dados do primeiro trimestre do ano foram divulgados por meio de videoconferência na manhã desta quarta-feira (10/6) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). De acordo com os pesquisadores do DEE, o resultado negativo já era esperado. A falta de chuvas afetou de forma decisiva a produção de soja (-27,7%), milho (-19,3%) e fumo (-22,0%), produtos importantes da matriz econômica gaúcha. "Os impactos da estiagem não se restringem ao primeiro trimestre. Ainda veremos seus efeitos no segundo trimestre do ano", afirma o pesquisador do DEE/Seplag Martinho Lazzari.
Diante do cenário, o secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão, Claudio Castal, destacou que o governo já vem discutindo alternativas aos diferentes segmentos produtivos, avaliando situações relacionadas ao emprego, fornecedores e acesso ao crédito.
“Estamos em diálogo permanente com todos os setores, por meio de um comitê que reúne as principais entidades empresariais, buscando identificar nossos gargalos e traçar estratégias para uma recuperação da nossa economia”, frisou Gastal. Ele destacou também a parceria com a Assembleia Legislativa em projetos de estímulo para áreas mais impactadas por conta da situação da pandemia e os efeitos da estiagem. "Precisamos olhar toda a complementariedade da nossa economia, não um setor especifico", acrescentou o secretário.
Desempenho por setor
O desempenho negativo da agropecuária no Rio Grande do Sul contrastou com o crescimento na atividade registrado no Brasil, de 1,9%. Apesar do desempenho abaixo do esperado nas principais culturas de verão, algumas registraram desempenho positivo no período no Estado, como é o caso de uva (+12,3%), arroz (+4,4%) e maçã (+4,1%).
Na indústria, a única atividade com indicador positivo foi a Indústria extrativa mineral (+1,8%). Construção (-3,8%), Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-18%) e Indústria de transformação (-2,6%) registraram quedas e tiveram desempenho inferior ao do país. Na indústria de transformação, tiveram destaque os desempenhos negativos das atividades de Fabricação de máquinas e equipamentos (-12,8%), Produtos químicos (-9,7%) e de Veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,4%).
Nos Serviços, a queda foi puxada por Comércio (-2,8%) e Outros serviços (-4,0%). As atividades de Transportes, armazenagem e correio (+1,5%), Serviços de informação (+0,9%) e Atividades imobiliárias (+1,3%) registraram alta e atenuaram o recuo geral no setor.
No comércio, o segmento de Hipermercados e supermercados (+6,8%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (+9,4%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+1,7%) tiveram desempenho positivo. Quedas foram registradas nas vendas de tecidos, vestuários e calçados (-23,5%), veículos (-14,8%), combustíveis e lubrificantes (-9,1%) e móveis e eletrodomésticos (-13,45).
"Ainda que o impacto da crise decorrente do novo coronavírus venha a ser maior no segundo trimestre, a interrupção das atividades e a mudança de comportamento dos consumidores e empregadores já em março contribuíram para a taxa de -3,3% do primeiro trimestre”, destaca a chefe da Divisão de Indicadores Estruturais do DEE, Vanessa Sulzbach.