A partir da agenda de diálogo com prefeitos das quatro regiões que passaram para bandeira vermelha nesta semana, apontando risco epidemiológico alto e, portanto, restrições mais rígidas para conter o coronavírus, o governo do Estado revisou os dados da sexta rodada do modelo de Distanciamento Controlado e anunciou duas mudanças nesta terça-feira (16/6).
Com a contabilização de novos leitos na região de Santa Maria e da recontagem de casos na região de Santo Ângelo, as regiões voltaram à bandeira laranja (risco médio). Por outro lado, a revisão não alterou a classificação das regiões de Caxias do Sul e de Uruguaiana, que seguem com a cor vermelha. O retorno às bandeiras laranja já passa a vigorar nesta terça.
"O modelo que desenvolvemos serve para que façamos restrições, no Estado, de forma mais racional. Nunca prometemos que o Rio Grande do Sul estaria blindado contra o coronavírus devido à aplicação do modelo. A ideia é impormos restrições na proporção, no local e no momento em que forem necessárias, uma vez que a alternativa era restringir tudo, em todo o Estado, o tempo todo, o que parecia desproporcional", explicou o governador.
"Nosso modelo tem sido uma boa referência para o Brasil. Não adianta atuarmos apenas quando as UTIs e os hospitais estiverem superlotados porque, se houver tamanha disseminação do vírus, o controle se torna extremamente difícil. Aí, perdemos vidas, perdemos a proteção à saúde e perdemos a retomada da economia, porque teremos de parar e, talvez, por mais tempo, por termos deixado de agir no momento certo", enfatizou Leite.
A mudança da região de Santa Maria diz respeito a um atraso na alimentação do sistema. Quando os dados foram contabilizados, na última sexta-feira (12/6), não havia ainda o registro de sete leitos vagos na região. O dado alterou o resultado do modelo, que concluiu que havia déficit na oferta de atendimento hospitalar nos 32 municípios da região de Santa Maria. Depois da ponderação de prefeitos e da análise do Gabinete de Crise, a região de Santa Maria foi recolocada na bandeira laranja, que representa risco epidemiológico médio para o coronavírus.
“É uma boa notícia para os empreendedores, mas não posso deixar de fazer um alerta: a macrorregião Centro-Oeste, na qual se localizam as regiões de Santa Maria e de Uruguaiana, vinham com estabilidade de casos em maio, sempre entre seis e oito, e começamos a observar um aumento de casos. Da primeira semana de junho para cá, observamos um crescimento de internações em UTI, de 19 a 21 casos, e chegamos a 31 casos internados em UTI na macrorregião”, ponderou o governador.
Na região de Santo Ângelo, o que culminou no retorno à bandeira laranja é o fato de, dos 15 casos computados de hospitalizações por Covid-19, cinco pertencerem à semana anterior. Além disso, ao observar a curva de casos na macrorregião Missioneira, onde se localiza a região de Santo Ângelo, percebe-se uma estabilidade no número de internações.
“Essas duas informações nos apontam que, na verdade, não há uma tendência clara de aumento de casos na macrorregião Missioneira e na região de Santo Ângelo, então, acolhemos o pedido de reconsideração para que a região voltasse à bandeira laranja”, detalhou Leite.
Por outro lado, as regiões de Caxias do Sul e de Uruguaiana seguiram com bandeira vermelha. Em Uruguaiana, mesmo com a inserção de sete leitos da macrorregião, o número não é suficiente para que o cálculo aponte mudança na classificação final de bandeira.
A região de Caxias do Sul, por sua vez, vinha apresentando estabilidade no mês de maio. Entre a semana retrasada e a passada, porém, subiu de 23 hospitalizações confirmadas para Covid-19 para 63, um aumento de 174%. O número de internados em leitos de UTI Covid subiu de 31 para 44, um aumento de 42%. “Vemos uma tendência de aumento de casos na Serra gaúcha. Não houve dados suficientes para que se alterasse a bandeira”, explicou o governador.
Leite também anunciou algumas mudanças na divulgação das bandeiras. A partir da próxima semana (no dia 25 de junho), o modelo será rodado às quintas-feiras, com a divulgação do resultado às sextas-feiras. Os prefeitos, portanto, poderão apresentar contraponto, caso achem necessário, até a segunda-feira, quando o Gabinete de Crise avaliará o que foi enviado. O resultado definitivo será divulgado às segundas-feiras, e a vigência das bandeiras passará a ser a partir das terças-feiras.