Município desenvolve rede de apoio e monitoramento a pessoas em situação de rua
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Publicado em 14/08/2020

Em atividade desde 24 de março, a Operação Acolhimento tem prestado importante serviço no apoio a pessoas em situação de rua em Rio Grande. Nesses mais de 140 dias de operação, o poder público municipal vem atuando em diversas frentes e conta com importante auxílio de organizações de sociedade civil, formando uma grande rede de atenção e monitoramento desse grupo de pessoas. Esse trabalho, iniciado com o objetivo de prevenção a pandemia de Covid-19, já possibilitou o fornecimento de mais de 50 mil refeições a pessoas em situação de rua em Rio Grande.  

Atualmente são oferecidas cerca de 940 refeições todas as semanas em diferentes locais. Para isso, a Prefeitura apoia diversos grupos de alimentação, que diariamente se revezam no fornecimento de refeições a esse público, com o objetivo de combater a insegurança alimentar das pessoas em situação de rua de Rio Grande. São eles: Projeto Esperança Viva; Mais que Amigos do Bem; Anjos da Noite; Quinta-feira Santa; Comunidade Renascer no Espírito; RG Sem Fome; Projeto Social Amor e Caridade.  

Essas organizações recebem auxílio da Prefeitura para o custeio dos insumos utilizados para o preparo dos pratos. Segundo Alisson Saggiomo, titular da Coordenadoria Municipal de Políticas Sobre Drogas e uma das responsáveis pela Operação Acolhimento, o poder público tem desenvolvido diversas estratégias para oportunizar essa colaboração, como, por exemplo, campanhas de donativos, vaquinhas e mediação junto a organizações religiosas e privadas para buscar recursos para a continuidade do serviço. Ainda conforme Alisson, nos próximos três meses a Prefeitura fará o repasse de recursos para o custeio dos insumos a uma das organizações, buscando a manutenção da oferta dos serviços de alimentação. Esse convênio deverá ser anunciado em breve, após a utilização de todo o valor já levantado anteriormente para a produção dessas refeições.  

A respeito dos alimentos fornecidos, Alisson destaca que houve uma preocupação com a qualidade das refeiçoes. “Com a pandemia, os donativos as grupos de alimentação reduziram e o município assumiu responsabilidade de apoio e gestão. Então hoje trabalhamos com um padrão alimentar”, disse.  

Monitoramento contínuo da “Rede Acolher – Rua” 

Os dados da Operação Acolhimento apontam que 176 pessoas em situação de rua estão sendo monitoradas em Rio Grande. Conforme Saggiomo, destas, cerca de 160 passaram pela primeira fase do projeto, no Centro de Eventos, ou pelas fases posteriores, como a Casa Lar, em funcionamento atualmente. Esse monitoramento tem sido realizado por uma força-tarefa da Prefeitura, da qual participam as equipes da Abordagem Social, do Consultório a Rua e do Centro Pop, que também atuam no atendimento na Casa Lar.  

Ainda segundo Saggiomo, essas equipes são responsáveis pela atenção a pessoas que preferem permanecer nas ruas ou não conseguiram se adequar a dinâmica dos locais que oferecem pernoite e/ou moradia, muitas vezes por motivo de abuso de álcool e/ou drogas. “Algumas pessoas fazem a escolha de manter a relação com a droga, ou então tem dificuldade de fazer o pacto de convivência no abrigo, onde existem limites e dinâmicas. São esses grupos que permanecem nas ruas ou tem rotatividade entre os abrigos e as ruas”, afirmou.  

Para esse trabalho, as equipes envolvidas tem se organizado por meio de uma rede, nomeada “Rede Acolher – Rua”. Nela estão reunidas as informações sobre qual entidade está atendendo cada pessoa, ou o local da cidade onde costuma permanecer. Com objetivo de melhor atender esse público, foram criados subgrupos para mapear os espaços de permanência dessas pessoas nas ruas, assim como compreender as dinâmicas e subjetividades dessa população. “Essas pessoas podem não estar todas no mesmo lugar, mas tem comportamento em comum e ocupam as mesmas áreas. São subgrupos de tamanhos diferentes, mas esse mapeamento nos possibilita um monitoramento mais eficaz”, argumentou Alisson. Veja, abaixo, como estão organizados os subgrupos e o número de pessoas em monitoramento em cada um deles:  

  • Retorno para a casa e/ou família: 44 pessoas monitoramento; 
  • Casa Lar: 24 pessoas em monitoramento; 
  • Atendidas pela Rede de apoio (albergues não governamentais e comunidades terapêuticas, por exemplo): 19 pessoas em monitoramento; 
  • ASSORAN e arredores: 36 pessoas em monitoramento; 
  • Centro e arredores: 19 pessoas em monitoramento; 
  • Rotatividade entre ruas e pensões: 16 pessoas em monitoramento; 
  • Busca ativa: 18 pessoas em monitoramento. 

Para cada um desses subgrupos existe um formulário com o nome e informações pessoais. Neles são feitos questionamentos sobre a atual situação da pessoa, que posteriormente são disponibilizados em um e-mail acessível a todas as equipes.   “Criamos esses formulários com a intenção de facilitar a comunicação entre as equipes, para que possamos atender a necessidade da pessoa ou atualizar o monitoramento. Se, por exemplo, existe uma novidade sobre uma pessoa de determinado grupo, se essa pessoa mudou de lugar ou precisa de atendimento médico, o formulário é preenchido e enviado para um e-mail que todos têm acesso”, destacou.  

A respeito do papel do município na gestão dessa rede para manter o atendimento a esse público, Alisson contou qual considera o principal desafio. “Diante dessa situação, nosso maior desafio é a gestão da rede. Somos muitas equipes com especificidades diferentes. Acho que o trabalho da Operação Acolhimento e da Rede Acolher – Rua tem sido organizar os recursos e lidar com os desafios para organizar formas de garantir a  atenção contínua a essa população, respeitando a dinâmica que essas pessoas têm e essa questão de muitas vezes preferirem essa liberdade de estar na rua”, comentou. 

Retornos para casa 

Também é importante destacar um expressivo resultado alcançado ao longo dos quase 5 meses de atividades da Operação Acolhimento: 44 pessoas retornaram para suas casas e/ou suas famílias. “Em tempo de pandemia as famílias tendem a estar mais abertas para receberem eles. Nesses 100 dias de atividade, o abrigo resultou em uma Casa Lar com ações para redução de danos, regras de convivência e com trabalho de direitos humanos muito forte que foi feito lá, fez com que muitos melhorassem a comunicação e conseguissem reatar a relação com a família. Foi um processo educativo”, salientou Saggiomo. Ela também acrescenta que, com o passar do tempo, os moradores passaram a ser mais comunicativos com as equipes técnicas, conversando mais sobre seus familiares. Em alguns casos, as equipes inclusive acompanharam visitas às famílias. 

Assessoria de Comunicação/PMRG

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