Quarta fase do EPICOVID19-BR mostra desaceleração do coronavírus no Brasil
Variadas
Publicado em 16/09/2020

A quarta fase do maior estudo epidemiológico sobre coronavírus no Brasil foi realizada entre os dias 27 e 30 de agosto, pouco mais de dois meses após a conclusão da terceira fase, que foi realizada entre os dias 21 e 24 de junho. A partir da quarta fase, o estudo passou a contar com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da iniciativa Todos Pela Saúde.

As diferenças entre regiões do Brasil seguiram marcantes na quarta fase, como já havia sido observado nas fases anteriores. O maior percentual de infecção foi observado na Região Norte (2,4%) e no Nordeste (1,9%). No Sul, Centro-Oeste e Sudeste, o percentual de infecção ficou em 0,5%. Ao final do texto, é apresentado o resultado para cada uma das 133 cidades estudadas. Abaixo, são apresentadas as mensagens principais da quarta fase do estudo.

Mensagem 1: Diminuiu a proporção da população que apresenta anticorpos, o que confirma a desaceleração da epidemia na maior parte do país. Ao contrário do que se pensava no início da pandemia, os anticorpos detectáveis pelo teste duram apenas algumas semanas. Isso vem acontecendo em diversos países, com distintos tipos de testes de anticorpos, e não somente com testes rápidos como o utilizado no EPICOVID-19. Esta redução já havia sido sinalizada pelo grupo de pesquisa no início de julho – o artigo científico será publicado esta semana na revista científica The Lancet Global Health (online first).

A queda em níveis de anticorpos ao longo do tempo não indica que os indivíduos deixem de estar protegidos, pois seus organismos guardam a memória imunológica para produzir anticorpos rapidamente em caso de uma nova infecção. Os indivíduos com testes positivos na última fase do EPICOVID-19 representam aqueles com infecções relativamente recentes. Muitas pessoas que foram infectadas há mais tempo passaram a apresentar resultados negativos atualmente.

Portanto, não está correto usar a estimativa atual para indicar uma possível “imunidade de rebanho”, tampouco para avaliar a probabilidade de uma “segunda onda” da pandemia.

Mensagem 2: A interiorização da pandemia no Brasil foi confirmada. Houve mudança no perfil das cidades mais afetadas, com as maiores prevalências em duas cidades da Região Nordeste, Juazeiro do Norte e Sobral.

Mensagem 3: Houve mudança no padrão etário dos infectados entre junho e agosto. Agora, a pandemia cresceu mais nas crianças e nos idosos e caiu entre adultos, que inicialmente eram mais afetados. As altas prevalências em crianças brasileiras difere do que tem sido relatado em outras regiões do mundo, como a Europa e a China.

Mensagem 4: Confirmada a maior chance de infecção nos pretos e pardos, já identificada nas fases anteriores. Com a redução da pandemia na Região Norte, a prevalência entre indígenas caiu bastante.

Mensagem 5. Pessoas cujas famílias se encontram entre as 20% mais pobres da população, em todas as fases do estudo, apresentam prevalência mais de duas vezes superior à observada entre os 20% mais ricos.

A lista de resultados do levantamento por cidade está disponível para consulta em http://bit.ly/resultadosporcidadeBR4.

 

Assessoria de Comunicação - UFPEL

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